Num comunicado enviado à agência Lusa, a orquestra anuncia que será recebida em audiência no Vaticano para ser “abençoada pelo Papa”no dia 24 de janeiro próximo.

A 2 de fevereiro estará em Lisboa, onde dará um concerto no Teatro Tivoli, às 19h00, com entrada livre.

Antes de chegar a Lisboa, a OMA dará também concertos em Itália e na Alemanha.

Esta bênção do Papa ocorre cinco meses após a orquestra ter estado em Lisboa, para atuar no âmbito das Jornadas Mundiais da Juventude, onde o seu mentor e fundador, o jornalista Carlos Eduardo Prazeres, disse esperar uma bênção do Papa ao projeto, mas tal não veio a verificar-se.

“Eu acredito que a bênção do Papa possa transformar a vida dos meninos. Já conversei com cada um deles para na hora visualizar essa energia, passando para o Complexo da Maré. Porque a nossa missão é realmente transformar aquele local. Eles são as nossas ferramentas para essa transformação. E precisam ter essa força, com a bênção do Papa, para poderem realizar bem esse trabalho”, afirma agora o criador da OMA, citado na nota.

Por ocasião das Jornadas Mundiais da Juventude, em Lisboa, a Orquestra Maré do Amanhã fez diversos ‘flashmobs’ pela cidade, além de concertos no Festival Músicas do Mundo, em Sines, na Catedral do Sé do Porto, e em Arouca, terra natal do maestro Armando Prazeres, pai de Carlos Eduardo e o inspirador do projeto.

“Nessa volta à Europa, não havia como não voltarmos a Portugal, depois de termos sido tão bem recebidos pelo público português. Também ficámos com vontade de mostrar em Lisboa o repertório completo, como nós fizemos nas outras cidades. Os flashmobs foram incríveis. Mas ainda faltava um concerto em Lisboa”, explicou agora o jornalista na nota.

Carlos Prazeres disse que tem a ambição de trazer aquele projeto social para Portugal e destacou a parceria com a Galp, referindo que aguarda a resposta a outras propostas de patrocínio.

“É o meu sonho. Retornar o que o meu pai fez pelo Brasil, mas na terra dele, Portugal. Já temos tudo projetado com o maestro Felipe Kochem, vindo para Portugal num primeiro momento a ajudar a implementar esta ideia”, adiantou.

"Eu acho que Deus está querendo que eu faça o caminho inverso dele [do pai]. Ele veio de Portugal para o Brasil, trazendo educação, inclusão, música e cultura. Eu tenho vontade de criar um projeto semelhante em Chelas", um bairro social de Lisboa, afirmou Carlos Prazeres, numa entrevista à Lusa em junho de 2023 a propósito da participação da orquestra Marés do Amanhã nas Jornadas mundiais da Juventude.

Realçando que a sua vida " tem muitas coincidências” com a do seu pai, explicou que ambos criaram orquestras, tiveram experiências com o Papa - a Orquestra do Amanhã tocou para o Papa em 2017 no Vaticano e o pai redigiu a missa campal para o papa João Paulo II, quando foi pela primeira vez ao Brasil.

No ano passado, a Orquestra Maré do Amanhã foi eleita Património Cultural Imaterial do Rio de Janeiro.

A orquestra fez uma apresentação para o papa, no Vaticano, em 2017, deu concerto no Reveillon do Rio de Jneiro, com Anitta, para 2,5 milhões de pessoas, participou no desfile no Sambódromo com a bateria da Escola de Samba Beija-Flor, em 2016, no Palco Favela, do Rock in Rio, em 2019, tocando clássicos do rock nacional e internacional.

Em 2018, foi feito um documentário sobre a orquestra chamado “Contramaré”, do realizador Daniel Marenco.

A orquestra social foi criada pelo jornalista Carlos Prazeres, filho do maestro português Armando Prazeres, que foi sequestrado e, mais tarde, assassinado, em 1999, precisamente no Complexo da Maré, uma das mais perigosas favelas do Rio de Janeiro, de onde são oriundas 98% das crianças que integram a OMA.