Com pouco mediatismo em termos nacionais, o evento, que a organização descreve como “o maior festival de ‘afrobeats’ do mundo”, atrai maioritariamente fãs estrangeiros, seduzidos por cabeças de cartaz como Burna Boy, Aya Nakamura, Little Simz, Wizkid, 50 Cent, Davido e Booba.

Passavam poucos minutos das 17.00 quando os primeiros espetadores tiveram permissão para entrar no recinto, acorrendo em força ao palco principal, onde Camidoh já se preparava para os fazer dançar.

Zakaria veio de Marrocos com mais nove amigos, alguns deles já espalhados por outros pontos do areal da Praia da Rocha quando falou à Lusa sobre o festival e também sobre o “bonito” país que encontrou.

“Descobri [o Afro Nation] na internet. No ano passado foi um dos maiores festivais de sempre e decidimos vir cá este ano. E este sítio é maravilhoso. É um festival original, em plena praia. Temos a praia durante o dia e depois a boa música e a energia destes fãs todos”, afirmou.

Burna Boy, a grande estrela do primeiro dia, Tayc, Vegedream, Booba e 50 Cent são os artistas que espera ver com mais atenção. “Muitos artistas franceses, artistas africanos”, destacou, depois de alguns dias já passados na praia, a ‘surfar’ e a experimentar a “boa comida” portuguesa.

O francês Benedito e mais dois amigos, todos turistas estreantes em Portugal, vieram de Paris (França) e descobriram “a maravilhosa” Praia da Rocha e o “tempo fantástico” antes de “curtirem” o festival.

Confessando que não é espetador de festivais, escolheu o Afro Nation para a sua estreia. “Não sou ‘festivaleiro’, mas estou a tentar. Venho atraído pelas ‘vibes’, pela música e pelos artistas, há muitos artistas de que gosto”, declarou.

Soube do festival pelas redes sociais e alguns amigos confirmaram que era um evento a não falhar. “Vim confirmar se era mesmo assim”, disse à Lusa, esperando dar mais atenção aos concertos de Aya Starr e Davido.

Yoann, outro espetador oriundo da França, repete a presença no Afro Nation, depois de ter estado em Portimão no ano passado. Asake é o seu artista favorito no cartaz deste ano.

“Eu adoro este festival, é o melhor do mundo. Gostei tanto que tinha de voltar. É o ambiente, a energia geral, as pessoas, a música, é tudo junto, sem esquecer a praia aqui ao lado”, frisou, sublinhando que a experiência de outros festivais de música a que costuma ir em França “nem se compara” ao evento algarvio.

Gertrud veio da Alemanha sozinha. “Não é só a minha primeira vez no Afro Nation, é mesmo a minha primeira vez em Portugal. Foi um amigo que me falou do festival, mas decidi vir sozinha. Comprei o bilhete há meses, cheguei há quatro dias e estou a adorar o Algarve”, referiu.

A fã alemã considerou todo o ambiente “perfeito”. “Adoro ‘afrobeats’, nem sequer tenho um músico favorito no cartaz. Adoro esta música e também adoro ouvir coisas novas que espero descobrir nestes três dias”, acrescentou.

Para Carolina e os amigos Harvin, Jhoan e Kelly, que vieram da Colômbia, cuja bandeira exibiam com orgulho, também é uma estreia no festival.

“Adoramos os ritmos ‘afrobeats’. Ouvimos falar pela internet, que era o melhor festival do género, e depois confirmámos que era um grande cartaz, com grandes artistas”, afirmou, confessando que estão em Portimão “mais pela música” do que pela praia.

Cristiano, natural de Almada mas emigrante em Inglaterra, trouxe a namorada inglesa e veio à procura de “uma experiência nova” e de “ser surpreendido” durante os três dias.

“É a primeira vez aqui. Amigos que já tinham vindo cá disseram-me que tinha sido brutal. Vêm muitos artistas bons, como Burna Boy, 50 Cent ou Nelson Freitas, foi o que me fez vir cá”, confessou o português, enquanto Georgia nomeou também Wizkid e Victony como os seus favoritos.

A italiana Daisy também veio pela primeira vez a Portimão. “Amo a música ‘afrobeat’, amo todos os artistas deste ano. Estou muito excitada, pela música e por todo o ambiente à volta do festival. Não sou grande fã de sol e praia, estou aqui mais pelos artistas”, apontou.

O festival Afro Nation surgiu em 2019, com um conceito nascido em Portugal e que já se internacionalizou, chegando ao Gana, a Porto Rico e aos Estados Unidos.

“É um caso de sucesso, de ano para ano tem vindo a crescer e é um caso de estudo. É um festival pensado para um tipo de cliente maioritariamente estrangeiro. Diria que mais de 90% do público vem do estrangeiro, e de propósito ao Algarve”, destacou à Lusa Tiago Castelo Branco, diretor executivo da MOT, uma das empresas parceiras na organização do Afro Nation.

O recinto foi alargado de forma ligeira, depois de no ano passado ter recebido cerca de 35 mil pessoas, mas o responsável remeteu mais detalhes sobre os números de assistência em 2023 para um balanço pós-evento.

O artista nigeriano Burna Boy e a cantora francesa Aya Nakamura encabeçam o cartaz desta quarta-feira, acompanhados por Popcaan, Ayra Starr, Oxlade, The Compozers, Nissi, Soraia Ramos e Camidoh.

Na quinta-feira, o músico nigeriano Wizkid e a ‘rapper’ britânica Little Simz são os cabeças de cartaz, mas também subirão ao palco Asake, Tayc, Bnxn, Black Sherif, Victony, Ms. Banks e Tyla.

A terceira edição do Afro Nation encerra na sexta-feira, com a estrela norte-americana de hip-hop 50 Cent, o músico nigeriano Davido e o ‘rapper’ francês Booba como destaques, além dos concertos de Fireboy DML, Vegedream, Gabzy, Sauti Sol, Gyakie e Nelson Freitas.