A segunda edição do Mimo, em Amarante, conta com 52 atividades, espalhadas pela cidade, entre música, cinema, um programa educativo, poesia e um fórum de ideias, em três dias, nos quais se destacam os concertos do pianista de jazz Herbie Hancock, do músico Rodrigo Amarante, da banda Nação Zumbi e do guitarrista Manel Cruz.

A diretora-geral do Mimo, em entrevista à agência Lusa, fez questão de sublinhar o festival enquanto "conceito" que se "reinventa perante a cultura portuguesa", que faz com as pessoas "vejam Amarante com outros olhos".

Mas também no Brasil o Mimo se diferencia, principalmente num momento económico e político como o que atravessa: "O Mimo faz a diferença num país como o Brasil neste momento; é um oásis e os patrocinadores entendem que isso é preciso", disse à Lusa a organizadora.

Lu Araújo disse que o Mimo se diferencia, no Brasil, pela programação que apresenta sem cobrar bilhetes, tal como acontece em Amarante: "Cada ano é sempre um desafio, mas continuamos firmes, com bons patrocínios e nenhuma grande perda. É importante mostrar que fazer as coisas de graça não significa fazer as coisas com menos nível."

O Mimo nasceu no Brasil em 2004, na cidade de Olinda: "Uma cidade que tinha 300 mil habitantes e 22 igrejas, mas não tinha nem um cinema ou um teatro", disse a criadora do conceito do Mimo, que viu na "falta de equipamento cultural" do Brasil uma oportunidade de "ocupar o património histórico" com atividades culturais.

A partir de 2009, o Mimo começou a crescer pelo Brasil, estando agora presente em cinco cidades brasileiras, mas Lu Araújo diz que desde cedo que era "uma meta" exportar o conceito para Portugal.

A primeira escolha de Lu Araújo foi o Porto, mas quando conheceu Amarante teve uma "relação imediata de simpatia" pela cidade: "É uma cidade com um charme incrível, medieval, mas também barroca, e com um museu muito bem equipado", afirmou, referindo-se ao Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso.

A organização do Mimo estima que foram 24 mil as pessoas que passaram por Amarante, durante os três dias de festival em 2016, e este ano o festival volta a Amarante com uma programação abrangente cultural e geograficamente, com artistas de vários estilos musicais e de dez nacionalidades diferentes.

Se vai ao festival ou se ainda está indeciso, o SAPO Mag dá-lhe algumas sugestões:

Nação Zumbi e Céu - 21 de julho. Os Nação Zumbi, uma das referências do rock brasileiro, estão de volta aos palcos com um novo álbum de inéditos, o décimo da banda, depois de vários anos afastados dos estúdios. O grupo pernambucano é uma das atrações do dia 21 de julho e vai apresentar o mesmo concerto que o levou de volta ao SummerStage Festival, em Nova Iorque.

Tinariwen - 21 de julho. A banda de guitarras formada no final dos anos 1970 e vencedora de um Grammy em 2012 vai apresentar em Amarante o disco "Elwan", que será editado em Portugal durante o festival.

MIMO Festival: Um encontro com as músicas do mundo

Herbie Hancock - 22 de julho. O músico norte-americano é um dos cabeças de cartaz da edição de 2016 do MIMO. Com quase 60 anos de carreira, Herbie Hancock venceu 14 Grammys e está a gravar um novo álbum com o produtor Terrace Martin, que participará também no concerto, tocando saxofone e teclados, a par do guitarrista Lionel Loueke, do baterista Vinnie Colaiuta e do baixista James Genus.

Anne Paceo - 22 de julho. Considerada a Artista do Ano pelos  Victoires Du Jazz 2016, os prémios franceses equivalentes aos Grammys, Anne Paceo já atuou em mais de 40 países de cinco continentes, tem quatro álbuns editados e promete surpreender no MIMO Festival.

Manuel Cruz - dia 23 de julho. Manuel Cruz, antigo vocalista dos Ornato Violeta, também vai marcar presença no festival que se realiza anualmente em Portugal e no Brasil. Segundo a organização, o músico português vai apresentar novos temas da sua carreira a solo.

MIMO para lá da música

Além da música, no Festival MIMO vai poder assistir à estreia nacional do filme  "Chico Science - Um Caranguejo Elétrico", de José Eduardo Miglioli. "Vinicius de Moraes - Um Rapaz de Família" de Susana Moraes, “Tim Maia” de Mauro Lima, “Mudar de Vida: José Mário Branco, Vida e Obra” de Nelson Guerreiro e Pedro Fidalgo, “I Love My Label – Discotexas” de António Sabino, Pedro Gonçalves e Igor Martins, são outros dos filmes que poderá ver.

Já o Programa Educativo vai contar com workshops de Anne Paceo, Ala.Ni e Rafael dos Anjos, uma oficina de Walter Areia e uma masterclasse com Pedro Jóia. O Fórum de Ideias terá conversas com Manel Cruz, Nação Zumbi, Ricardo Ribeiro e Jards Macalé e em Chuva de Poesia vai estar em destaque a obra de Sophia de Mello Breyner Andresen, de Ana Cristina César, de Marina Tsvietáieva, da norte-americana Emily Dickinson, da grega Safo e da indiana Rupi Kaur.

Durante os três dias do festival, poderá ainda participar no Roteiro Cultural Guiado que visita a história, a tradição e a natureza de Amarante.

Uma das novidades deste ano é o apoio da Santa Casa Misericórdia de Lisboa e a criação do programa "MIMO Sem Barreiras" que tem como objectivo facilitar a acessibilidade, a integração e a mobilidade de pessoas com necessidades especiais ou mobilidade reduzida, durante o festival em Amarante.