Promovido pela Pédexumbo - Associação para a Promoção da Música e Dança, o festival foi realizado nos últimos anos nas margens da albufeira de Póvoa e Meadas, no concelho de Castelo de Vide, distrito de Portalegre, tendo sido transferido este ano para a periferia da vila após o incêndio, em 2016, que destruiu mais de 400 viaturas.

“O festival correu muito bem. Foi um modelo novo, por estarmos dentro da vila em quatro dias, mas as bases foram as mesmas e tivemos bilheteira esgotada”, disse hoje à agência Lusa a responsável pela coordenação artística e gestão de projetos da Pédexumbo, Marta Guerreiro.

Com um modelo mais reduzido, este ano, tanto em número de dias, como de entradas, a organização do festival, que abriu na terça-feira, indicou que a lotação diária chegou às “1.750 pessoas”, número diferente das anteriores edições, em que chegava a atingir "mais de cinco mil entradas" diárias.

Questionada sobre se o festival vai voltar em 2018 à vila de Castelo de Vide, Marta Guerreiro disse que "ainda não foi feito um pensamento, uma reflexão” sobre o futuro.

“O espaço tem potencialidade [na vila de Castelo de Vide] para acolher o festival, mas se se mantiver, ao nível de lotação, acho que não há muito por onde crescer. Se permanecer aqui é porque o pensamento da Pédexumbo será de continuar a ter um festival mais reduzido, voltar um pouco ao que era o Andanças há uns anos atrás, um festival muito familiar”, disse.

Lembrando que o Andanças foi realizado durante muitos anos numa zona não urbana, Marta Guerreiro assinalou que a albufeira de Póvoa e Meadas “continua a ser um cenário muito apetecível” para este género de iniciativas.

“Podemos até voltar à barragem e queremos que seja um festival também com redução de público, mas ainda não há essa reflexão”, acrescentou.

A organização do Andanças considerou, contudo, que a edição deste ano trouxe “ganhos” na relação com a comunidade e na programação que foi “forte”, com principal destaque para as atividades locais.

Quanto aos danos do incêndio de 2016, o advogado Pedro Proença, representante de 69 lesados, disse à Lusa que já foram recolhidos os comprovativos de pagamento da taxa de justiça de cada um deles e que estão a ser ultimados os pormenores para interpor, “ainda este mês”, uma ação em tribunal contra a organização do evento e município de Castelo de Vide.

De acordo com o advogado, a ação pretende reivindicar indemnizações de cerca de 800 mil euros por danos patrimoniais e cerca de 600 mil por danos morais.

O Ministério Público (MP) anunciou a 02 de fevereiro deste ano o arquivamento do inquérito ao incêndio que ocorreu a meio da tarde do dia 03 de agosto de 2016, pouco antes das 15:00, tendo as chamas atingido total ou parcialmente 458 viaturas num dos parques de estacionamento nas imediações do festival.

O despacho final do MP concluiu que, "realizadas todas as diligências, não foi possível apurar quaisquer indícios que permitissem concluir que o fogo tivesse sido ateado de forma deliberada ou intencional".

O Andanças é um festival onde o público deixa a típica postura de espetador para assumir um papel ativo, participando nas oficinas e atividades que preenchem cada dia.