“Vou apresentar um concerto em que conto um pouco a minha história, o meu crescimento enquanto músico, enquanto fadista, e, por outro lado, levar a guitarra portuguesa para outro universo, um pouco afastado da linguagem tradicional do fado” disse à agência Lusa o músico, que realçou as potencialidades da guitarra portuguesa, “nos últimos tempos muito associada apenas ao acompanhamento do fado”.

Ângelo Freire citou a obra de Carlos Paredes, que, “sem estar ligado ao fado, fez um trabalho pioneiro e levou a guitarra portuguesa para um nível que nenhum outro guitarrista conseguiu”.

Ângelo Freire atua a solo na quarta-feira, no grande auditório do Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, num espetáculo em que, além de tocar a sua guitarra portuguesa, irá também cantar alguns temas e será acompanhado pelos músicos Diogo Clemente, na guitarra clássica, Marino de Freitas, na viola baixo, Eurico Amorim, nos teclados, Ruben Alves, no piano, e Mário Costa na bateria.

O espetáculo conta ainda com a participação especial dos fadistas Ana Moura, que o músico tem acompanhado regularmente, e Carlos do Carmo, que “é uma das grandes referências do fado" para Ângelo Freire.

Para o músico, 27 de anos, a guitarra portuguesa, além de estar ao lado do fado, deve “conseguir entrar noutras linguagens [musicais], estar em contacto com música que não se aproxime tanto do fado”.

“O meu universo ainda está muito ligado ao fado, e este concerto é aquilo que eu fui, aquilo que eu sou e aquilo que eu quero ser. Não vai ser um concerto em que a guitarra se vá afastar muito de uma linguagem que as pessoas não compreendam”, disse, acrescentando que pretende “outras respirações para a guitarra portuguesa, dentro do mundo do fado”.

Referindo-se aos “puristas do fado”, o músico espera “que não se desiludam, porque vai afastar a guitarra portuguesa dessa linguagem”.

O músico afirmou que a edição de um disco em nome próprio é “uma ambição sua”.

Ângelo Freire, aluno do guitarrista Arménio de Melo, começou a tocar aos oito anos, e aos 12 venceu a Grande Noite de Fado de Lisboa, na categoria de juvenis masculinos.

Em 2000 venceu a edição mundial do concurso televisivo “Bravo Bravíssimo” e quatro anos depois a Grande Noite do Fado de Lisboa, na categoria de instrumentistas.

Desde 2005 que colabora com Ana Moura, tendo acompanhado a fadista numa digressão internacional, tendo passado em 2011, a fazer parte do grupo de músicos que acompanham a criadora d’“Os Búzios”.

Além de Ana Moura, o músico já acompanhou, entre outros, Carminho, António Zambujo, Mariza, Julieta Estrela, Ana Marta, Ana Sofia Varela e Manuela Cavaco.