Com esta coleção "pretende a Academia dar a conhecer, ao grande público em geral e aos apreciadores em particular, os muitos poetas, vivos ou já desaparecidos, que propositadamente escreveram para fado", explicou à Lusa o presidente da AGPF, Nuno Siqueira.

Isidoro Maria d'Oliveira (1934-2013) é o autor, entre outros, do "Fado dos Saltibancos", gravado por João Ferreira-Rosa, e de "Festa grande na Atalaia", dos repertórios de Maria Leopoldina da Guia e de Ana Marina.

O fadista Manuel Cardoso de Meneses gravou, em 2001, um álbum constituído integralmente por poemas de Isidoro d'Oliveira.

O livro "Isidoro Maria d'Oliveira" que é apresentado na terça-feira às 18:30 na Livraria Ferin, em Lisboa, é prefaciado por Manuel Cardoso de Meneses, inclui um texto explicativo do "Fado dos Saltimbancos", por Nuno Siqueira, e reproduz o texto que o poeta escreveu para o CD de Manuel Cardoso de Menezes, editado pela Strauss.

O livro é dividido em sete partes, a primeira totalmente dedicada ao "Fado dos Saltibancos", "a mais conhecida e a mais cantada letra deste inspirado autor", segundo Nuno Siqueira, uma segunda, constituída com "letras para o repertório de Manuel Cardoso de Meneses", a terceira com os poemas de temática amorosa, e ainda uma sobre Lisboa e o rio Tejo, uma sobre "festas e touradas", a sexta sobre "O fado, a saudade e a vida" e a sétima intitulada "a Deus".

Na maioria dos poemas é feita referência à melodia tradicional em que deve ser cantado - fado Calisto, fado Maria Vitória ou o Franklin de Sextilhas, entre outros - e quais os fadistas que os incluem nos seus repertórios, como Tereza Siqueira, Inês Vila-Lobos ou Eduardo Falcão.

O livro inclui ilustrações de José Barahona Núncio, um dos "saltimbancos", e, no prefácio, Cardoso de Meneses traça um retrato do poeta: "verdadeira figura de lavrador, alto, imponente, sempre de casaco e gravata, colete e chapéu".

"Falava baixo", revelava "uma grande cultura", "experiência de vida", era um "conhecedor profundo da arte do toureio" e tinha "um aguçado sentido de humor", escreve Cardoso de Meneses.

Segundo o fadista, "os temas de amor e toiros eram os seus preferidos".

Do poeta há ainda "uma pequena coletânea de versos suscetíveis de ser cantados numa igreja, e que será, certamente, objeto de uma publicação", adianta Cardoso de Meneses.