Cinema, literatura, teatro, artes plásticas e música convergem para celebrar o centenário do nascimento de Eduardo Lourenço, que se assinala este ano, num programa que vai ser hoje apresentado ao final da tarde e que se estende até 2024.

Iniciativa do auto-designado “Grupo de Amigos de Eduardo Lourenço”, o programa “Celebrar Eduardo Lourenço - A Arte ao encontro de Eduardo Lourenço” consiste num “movimento de artistas que vão criar várias obras de arte baseadas em Eduardo Lourenço”, disse à Lusa Vasco Sequeira, um dos organizadores.

“Partindo do princípio, reiterado inúmeras vezes pelo próprio Eduardo Lourenço, que as diferentes formas de expressão cultural, especialmente a literatura e a música, seriam a sua maior fonte de inspiração, procurámos agregar várias referências do mundo artístico português com o lema 'A arte ao encontro de Eduardo Lourenço'”, afirmam.

No que respeita ao cinema, está prevista a exibição do filme “Labirinto da Saudade”, de Miguel Gonçalves Mendes, na Assembleia da República e no Parlamento Europeu, seguindo-se algumas apresentações públicas do filme e conversas com figuras públicas.

O programa prevê também um ciclo de cinema inspirado nos gostos do reconhecido ensaísta, filósofo e professor, intitulado “Eduardo Lourenço – Os filmes da vida”.

No campo literário, as celebrações fazem-se com a criação de um livro de banda desenhada, da autoria da realizadora de cinema Sabrina D. Marques, ilustrado por Daniel Maia, autor da banda desenhada “CoBrA: Operação Goa”, que já colaborou com a editora norte-americana Marvel Comics.

Será também lançado um livro sobre Eduardo Lourenço, da autoria de Jorge Costa Lopes, que assina várias obras dedicadas ao escritor Vergílio Ferreira, e promovido um recital de poesia, subordinado ao tema “Eduardo Lourenço – Amigo dos poetas”.

No campo musical, o programa prevê a criação de um concerto com composições originais, por vários compositores, a partir da ‘playlist’ de Eduardo Lourenço, que posteriormente dará lugar ao lançamento de um CD e de um vinil.

Esta iniciativa, “Tempo da música, música do tempo”, vai ser coordenada pelo saxofonista, compositor e professor de jazz Carlos Martins.

Para celebrar Eduardo Lourenço com teatro, o escritor Gonçalo M. Tavares vai escrever um monólogo original especialmente para a ocasião.

No campo das artes plásticas, será montada uma exposição multimédia, com registos fotográficos, sonoros e musicais sobre Eduardo Lourenço, enquanto ao arquiteto Álvaro Siza Vieira caberá a criação de uma instalação artística.

Estão ainda previstas outras iniciativas como um conjunto de tertúlias no café Martinho da Arcada, a edição de um selo comemorativo dos CTT, na série “Vultos da História e da Cultura Portuguesa”, o lançamento de uma edição especial de vinho do Douro, bem como de uma edição de pacotes de açúcar com frases do pensador português.

Segundo os programadores, serão também desenvolvidos colóquios, conferências, oficinas e ‘masterclasses’, sob o mote “Celebrar Eduardo Lourenço”, e criada uma instalação que consiste num “livro gigante” interativo, a ser colocada na Feira do Livro de Lisboa do próximo ano.

O programa arranca hoje oficialmente, com a apresentação das suas linhas principais e nomes de artistas já confirmados - feita por Carlos Martins, Jorge Costa Lopes, Leonor Aires, Luís Machado, Luís Sequeira e Sabrina Marques -, mas está ainda a ser concluído, com iniciativas a serem desenhadas, datas a serem fechadas e outros artistas a serem confirmados.

A organização sublinha que Eduardo Lourenço “marcou o seu tempo de forma excecional e colocou as artes no patamar mais elevado da cultura e sensibilidade humana”, razão que justifica perpetuá-lo na memória coletiva presente e futura.

Eduardo Lourenço nasceu a 23 de maio de 1923, em S. Pedro de Rio Seco, Guarda, e morreu no dia 1 de dezembro de 2020, em Lisboa.