“Algures no verão, em Portugal, numa aldeia – uma festa e uma banda com a sua típica sonoridade melódica e rítmica, baile com mandador e tudo, e algo insólito acontece, gnomos e duendes da floresta decidem penetrar na celebração” e “abrem-se as portas para uma nova realidade e entramos no mundo das ‘Aventuras da Alma’, com a visão que só a mesma nos pode proporcionar”, lê-se no comunicado.

O CD, gravado em março nos estúdios Canoa, tem produção de Jorge Quintela e do próprio Rão Kyao, e as suas composições exercem o “magnetismo de transportar para uma outra dimensão”.

“Gnomos e duendes na festa lusa” é o tema de abertura, de um alinhamento de 12 faixas, que inclui, entre outros, “Embalando Emére”, que remete para a tradição do povo Youroba, da costa ocidental africana, segundo a qual Emére é uma criança que consegue atravessar o mundo real e o espiritual e “Espírito de Aljezur”.

“Rearranjei esta melodia tradicional de Aljezur [no Algarve], que nos foi transmitida por Michel Giacometti, um grande musicólogo", afirma Rão Kyao.

No álbum, refere o mesmo documento, escuta-se “o canto do Lele, que segundo a tradição romena encarna o espírito feminino da natureza”, e prosseguindo pelos universos mitológicos, as sonoridades criadas por Rão Kyao passam pelas tradições mitológica grega e cigana dos Balcãs.

“Dança ritual do Zambeze” e “Celebração das almas do bambu” são outros temas do CD de Rão Kyao que, além da sua voz, toca flautas de bambu, e conta com a participação de Toni Lago Pinto (viola clássica e viola braguesa), Renato Silva Júnior (teclados e acordeão), André Sousa Machado (bateria), e Ruca Rebordão (percussão).

Rão Kyao, natural de Lisboa, iniciou os estudos musicais com o saxofonista Victor Santos, com quem estudou teoria musical, solfejo, saxofone e flauta. Em 1976, editou o seu primeiro álbum, “Malpertuis", e no ano seguinte “Bambu”, no qual foi acompanhado num dos temas pelo pianista António Pinho Vargas.

Em 1978 representou Portugal no Festival Internacional de Música Jazz Yatra em Bombaim, na Índia. Seguiram-se os álbuns “Goa”, “Live at Cascais”, “Ritual”, e, em 1983, “Fado Bailado”, que catapultou o seu nome para ribalta musical.

Desde então gravou cerca de duas dezenas de álbuns e em 1999 gravou com a Orquestra Chinesa de Macau composições próprias, no sentido de ilustrar, através da música, os 450 anos de presença portuguesa naquele território chinês.

Em 2000 estreia-se como compositor de teatro a convite do encenador Carlos Avilez, em 2001 saiu o CD "Fado Virado a Nascente".

Um dos seus mais recentes trabalhos é "Melodias Franciscanas" (2012), cujo conteúdo é, na sua maior parte, constituído por temas do padre Mário Silva que musicou textos litúrgicos referentes à Ordem Franciscana e celebrativos de S. Francisco de Assis, tendo também editado o CD “Coisas que a Gente Sente", que lhe valeu, em 2013, os Prémios Pedro Osório, e Carlos Paredes, atribuído pela câmara de Vila Franca de Xira.