Numa conversa antes do concerto, o vocalista Franklin James Fisher mostrou-se grato pelo apoio dado à banda na Europa e em Portugal (onde atuaram em junho no Primavera Sound no Porto) e disse que o grupo vai estar sempre aberto a quem o quiser contactar.

Com dois membros a viver em Nova Iorque e outros dois em Londres, a banda – que lançou o álbum de estreia pela editora Matador no ano passado – afirma, através de Fisher, preferir ser levada a sério politicamente do que o contrário: “Pensámos que era muito importante definir aquilo pelo que lutamos e sobre o qual queremos falar, o que de modo algum dita o que nós escrevemos”.

Classificados múltiplas vezes como uma banda política e questionados pela Lusa sobre para onde veem os Estados Unidos a caminhar, com eleições presidenciais a poucos meses de distância, Fisher respondeu em uníssono com o baixista Ryan Mahan: “Diretos para o inferno”.

A resposta leva os dois membros da banda a um diálogo, com Mahan a afirmar que os EUA são um país “falido, construído numa história de genocídio e opressão” e Fisher a completar que tal é uma característica de todo o mundo ocidental.

“O que tem acontecido [nos EUA] é uma atitude reacionária muito forte, impensada, da direita, que se tem acumulado ao longo dos últimos 10, 15 anos, especificamente como resultado de o presidente Obama ter sido eleito. Todo o fenómeno Donald Trump e o teatro do absurdo que o rodeia é algo que os Republicanos e a direita criaram”, afirmou o vocalista do grupo.

Por seu lado, Mahan afirmou que a escolha entre Hillary Clinton e Trump coloca frente-a-frente dois candidatos neoliberais que “representam o sistema das elites”, mas ressalvou que “há graus e Trump é obviamente o Mal encarnado”.

“Trump é conclusão natural do que os Republicanos têm feito desde os anos 1950 e 1960. É o desfecho natural para os Republicanos. O que me surpreende é que haja republicanos que sempre se mantiveram firmes na sua guerra de classes e que agora estejam, subitamente, um pouco confusos”, afirmou o baixista.

Os norte-americanos Algiers foram autores de um dos álbuns mais elogiados pela crítica em 2015 (“uma mistura do ativismo à base de soul da Motown dos anos 1970 com a protofúria dos MC5, o primitivismo dos sintetizadores de Suicide e o drama biblicamente carregado dos Bad Seeds”, escreveu a publicação digital Pitchfork).