“O espetáculo trata de equívocos, conflitos e conciliação que se dão no seio de um estúdio entre técnicos e cantores, mas, no final, tudo acaba bem”, disse à agência Lusa Jorge Andrade, da companhia Mala Voadora, que encena esta ópera original com composição e libreto de Pedro Amaral.

Jorge Andrade sublinhou que apesar dos “atritos e equívocos” que vão surgindo durante a ação, o espetáculo culmina mesmo num final feliz, à “boa maneira” das óperas de Beaumarchais.

Para o encenador da Mala Voadora, coprodutora do espetáculo, com o D. Maria II e a Fundação Calouste Gulbenkian, trata-se de uma estreia sua no mundo operático, já que é a primeira vez que encena uma ópera.

“Uma experiência desafiante de que Jorge Andrade está a gostar bastante", acrescentou à Lusa.

Questionado sobre como chegou à encenação deste espetáculo, Jorge Andrade disse que o D. Maria II e a Gulbenkian estavam a desenvolver uma colaboração para aproximar o teatro à ópera e que, nessa sequência, o diretor artístico do Nacional, Tiago Rodrigues, o convidou para encenar uma ópera, em conjunto com um compositor, que a Gulbenkian convidaria.

E foi assim que chegou a este espetáculo já que tinha acabado de ler a trilogia de Beaumarchais (“O barbeiro de Sevilha”, “As bodas de Fígaro” e “A mãe culpada” – sobre a família Almaviva), explicou.

“Beaumarchais pareceu-nos uma possibilidade muito boa, já que me interessava bastante pelas [suas] peças e estávamos interessados em fazer uma comédia”, disse.

Com texto original de Jorge Andrade e música e libreto de Pedro Amaral, o espetáculo acaba por incidir sobre as três óperas do dramaturgo francês que estão a ser gravadas num estúdio montado no palco da sala Garrett do Teatro Nacional.

Pelo meio do espetáculo vai havendo etapas em que se interpreta a composição original de Pedro Amaral, mas também partes de "As bodas de Fígaro", de Mozart.

“Beaumarchais” acaba por ser um espetáculo que inclui cantores, atores, técnicos, trabalhadores de limpeza, entre outros, que, cumprindo a sua vocação política e social, acabarão por reivindicar os seus direitos, farão revoluções e “lincharão” os seus opressores.

A ópera estará em cena até 02 de julho, com espetáculos às quartas-feiras, às 19:00, de quinta-feira a sábado, às 21:00, e aos domingos, às 16:00, estando a música a cargo da Orquestra Gulbenkian, com Joana Gama ao piano.

Anabela Almeida, Bruno Hucca, Isabél Zuaa, Jorge Andrade, Marco Paiva e Tânia Alves são os atores em cena.

Os cantores são André Henriques, Carolina Figueiredo, Eduarda Melo, Joana Seara, Luís Rodrigues, Manuel Rebelo, Marco Alves dos Santos, Pedro Cachado, Filipa Passos, José Bruto da Costa, Lucinda Gerhardt, Manuel Gamito, Pedro Casanova, Sara Afonso e Tiago Gomes.

A cenografia e figurino são de José Capela.