2017 promete muita música e animação, com os mais variadíssimos nomes a serem anunciados para concertos ao longo do ano. Esta sexta feira, chegou a hora de os Biffy Clyro subirem aos palcos portugueses para a apresentação do seu novo álbum, "Ellipsis", naquele que foi o seu primeiro concerto em nome próprio em Portugal, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, após a passagem pelo festival NOS Alive, Paredes de Coura, ou mesmo a abertura para os Muse no MEO Arena em 2009.

A sua própria abertura foi garantida por Frank Carter & The Rattlesnakes, a banda inglesa de rock punk que nos surpreendeu com a sua energia em palco, por mais que os decibéis estivessem algo mal distribuídos, impossibilitando a compreensão da letra das músicas com o som do instrumental a sobrepor-se em larga escala.

Contudo, a banda mostrou-se sempre bem disposta e com sentido de humor enquanto apresentava o seu trabalho, com faixas como "Trouble" e discursos divertidos sempre a acompanhar."O nosso novo álbum está no Top 10 do Reino Unido, em 7º lugar! Nós derrotámos o Ed Sheeran, a Adele... E eu não sei como é que isso sucedeu, mas não o questionem! É meu agora, e eu não o devolvo!", disse o vocalista.

Após esta breve passagem pelo palco do Coliseu dos Recreios, o público já esperava pelos grandes senhores da noite, sendo que nem a proximidade da hora do concerto fez o recinto ficar mais composto, havendo diversos espaços em branco por preencher. Ainda assim, o número de pessoas não fez diminuir a energia sentida nesta noite, como pudemos ouvir pelos aplausos e gritos pela banda da Escócia na sua chegada a palco, com "Wolves of Winter" a servir como faixa introdutória de um serão cheio de energia.

A terceira faixa apresentada em concerto correspondeu exatamente ao terceiro single lançado pela banda deste seu novo álbum, dando origem a uma corrente elétrica que afetou o público logo nos primeiros acordes de "Howl", fechando com chave de ouro com o primeiro "obrigado" da noite, em bom português.

"Estávamos à espera de ter o nosso próprio concerto em Portugal há tanto tempo! Muito obrigado!", foram as palavras de Simon Neil, guitarrista e vocalista da banda, dando depois seguimento ao concerto com "Biblical".

E os momentos de energia e agitação não pararam de nos surpreender, havendo espaço para um pouco de crowd surfing e até um moche ou outro. No entanto, os momentos mais relaxantes também chegaram ao Coliseu dos Recreios, dando-nos a possibilidade de apreciar melhor a voz de Simon que, durante todo o concerto, nunca falhou ou desiludiu. "Victory Over the Sun", "Medicine" ou mesmo "Machines", já no encore, foram algumas das faixas que ditaram um tom mais calmo neste concerto, existindo apenas um mero foco a incidir sobre Simon que tocava com a sua guitarra acústica, num espetáculo marcado por um jogo de luzes tão forte que os sinais sobre os riscos para epiléticos nunca fizeram tanto sentido antes.

No entanto, por mais que tenha havido momentos mais calmos, o concerto dos Biffy Clyro foi marcado pela energia quase inesgotável da banda e do público que a acompanhava, com "Bubbles" a tornar-se no primeiro grande momento da noite, mérito de um coro de fazer inveja por parte do público.

Mas foi apenas em "Black Chandelier" que a plateia atingiu realmente o coração da banda com o seu tom afinado de início ao fim, merecendo algumas curtas palavras de Simon: "Isso foi lindo, senhoras e senhores!".

Além dos elogios ao público, também o recinto não deixou de ser elogiado pela banda que ressalvou a sua beleza e felicitou os portugueses pela sorte que tinham em ter um espaço assim para os seus concertos.

De faixa em faixa, o espetáculo foi-se aproximando do fim num alinhamento sem grande espaço para diálogos e afins, deixando-nos sempre espantados com a energia que parecia evoluir com o passar do tempo, dando-nos arrepios em "Re-Arrange", o quarto single deste novo álbum da banda que, visivelmente, foi muito bem recebido pelo público.

"Mountains", um dos temas mais populares, foi um dos momentos altos deste espetáculo, sem grandes surpresas, elevando a agitação do público e dando origem a mais alguns mergulhos na plateia.

"That Golden Rule", "Many of Horror" ou "Animal Style" destacaram-se entre as músicas que ainda se puderam ouvir, antes de o concerto encerrar com "Stingin'Belle" e uns breves agradecimentos a todos os presentes naquela noite.

Foi, em resumo, uma atuação bastante agitada e de qualidade atestada, ficando apenas a faltar algum tipo de intimidade nos discursos, que já de si foram poucos, para tornar o concerto não só memorável como verdadeiramente especial para os fãs da banda escocesa que, claramente, fez a sua parte com nota máxima.

Contudo, se a ideia foi incorporar "Ellipsis" no seu sentido mais literal, ou seja, na omissão intencional de discurso, que fique aqui claro que damos a mão à palmatória.

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