Apresentada esta segunda-feira, na aldeia de Cem Soldos, a edição deste ano do Bons Sons, que decorrerá de 12 a 15 de agosto, celebrará “10 anos de música portuguesa” trazendo “10 repetentes”, que representarão as seis edições anteriores, anunciou o diretor artístico do festival.

Na apresentação, que decorreu na sede do Sport Club Operário de Cem Soldos, a associação cultural local, Luís Ferreira, que organiza o festival, fez questão de sublinhar que o Bons Sons é “bastante mais que um festival”, inserindo-se num “projeto cultural” que envolve toda a aldeia e que funciona como um elemento de capacitação e de desenvolvimento de toda a comunidade.

Realizando-se num recinto que é a própria aldeia, o festival vai decorrer em oito palcos: Lopes-Graça (no largo do Rossio, para a música de raiz tradicional e do mundo), Eira (na antiga eira comunitária, para os novos sons), Giacometti (no largo de S. Pedro, mais intimista), Auditório (para música erudita e de vanguarda, concertos didáticos e comentados e cinema), MPAGDP (na Igreja de S. Sebastião, para o projeto Música Portuguesa a Gostar Dela Própria), Aguardela (para a música eletrónica), Tarde ao Sol (no adro da Igreja, para a música tradicional) e Garagem (para quem quiser mostrar o seu talento).

Além dos repetentes – Desbundixie, Deolinda, Kumpania Algazarra, Lula Pena, Danças Ocultas, Joana Sá, Birds are Indie, Lavoisier, Sopa de Pedra e D’Alva -, por Cem Soldos passarão este ano Cristina Branco, Carminho, Jorge Palma, Best Youth, Cláudia Duarte, Alentejo Cantado, João e a Sombra, Indignu [lat], LODO, Da Chick, Niagara, Few Fingers, os DJ Lilocox, Puto Márcio e Rubi Tocha, Diogo Armés, Flak, entre muitos outros.

Procurando trazer “nomes grandes” e menos conhecidos, da música mais tradicional à eletrónica, em palcos desde “o mais intimista ao mais festivo”, o Bons Sons apresenta um cartaz de que se “orgulha”, realçou Luís Ferreira, designer e produtor cultural que, desde há três semanas, dirige o Centro Cultural de Ílhavo.

Na apresentação, realizada depois de uma visita aos vários "palcos", Luís Ferreira fez questão de deixar claro que o Bons Sons é o “embaixador” de um projeto muito mais amplo que procura fazer de Cem Soldos “uma aldeia de cultura”, que é “uma imensa sala de aula”.

Com um programa educativo a decorrer na escola local, que inclui campos de férias, uma horta e uma biblioteca comunitárias e programas de intercâmbio – e que conseguiu reverter o encerramento previsto há dois anos, porque “uma aldeia sem escola não é uma aldeia” -, o projeto assume outras dimensões - de qualificação urbanística, de envelhecimento ativo (com um conceito de lar que permite permanecer em casa), atividades intergeracionais (como a costura criativa) -, assumindo a cultura “como elemento de desenvolvimento local e de agregação”.

Cem Soldos quer “vender esperança, porque acredita e, porque acredita, faz”, disse Luís Ferreira, referindo o enorme esforço da comunidade para realizar um festival que, este ano, está orçado em 450.000 euros e que não depende de subsídios para acontecer.

Com um calendário de eventos que já preenche praticamente todo o ano – em novembro arranca o Caldelas Fest, que procurará trazer a Cem Soldos experiências idênticas que decorrem em aldeias de outros pontos do Mundo -, o projeto envolve uma componente turística, para “criar negócio e capacidade económica”, frisou.

“Não queremos um mega evento”, que se esgota num momento do ano, “mas vivências ao longo do ano”, disse Luís Ferreira, considerando que, ao fim de uma década, o Bons Sons chegou ao horizonte esperado, de 40.000 visitantes e 50 concertos.