A digressão "#CaetanoApresentaTeresa" estreou-se em Paris, na passada sexta-feira, num concerto na praça de La Madeleine com a rua Tronchet, e o espetáculo foi retomado no domingo à tarde, na escadaria da Igreja de La Madeleine, encerrando com o hino do "Senhor do Bonfim".

Teresa Cristina, que canta desde 1998, disse à Lusa que “é a primeira vez” que vem a Portugal, vontade que “tinha desde criança”.

“Quando me tornei cantora de samba julguei que um dos primeiros países que ia visitar seria Portugal, que fazia todo o sentido, e acabou por não acontecer”, disse a cantora para quem “a língua portuguesa fez toda a diferença para aquilo que é hoje a música brasileira”.

“A força da língua portuguesa fez a nossa música e a nossa musicalidade tão diferentes, com mistura de músicas portuguesa, africana e indígena, e isso é que deu a música brasileira”, asseverou, em declarações à Lusa.

Teresa Cristina garante a primeira parte dos espetáculos de Caetano Veloso, hoje e quarta-feira, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, em que vai apresentar o seu mais recente trabalho discográfico, totalmente constituído por composições de Angenor de Oliveira (1908-1980), conhecido como “Cartola”.

“O Cartola é magia, tem tudo, a música, a intemporalidade dos temas, a forma como letra se enquadra na música, e é o mesmo Brasil, talvez o que tenha mudado para hoje é o morro, a favela que o Cartola conheceu”, disse Teresa Cristina à Lusa. Mas, "por mais que o Brasil de Cartola tenha mudado, o que ele falou sobre as sensações e os sentimentos ainda existe”, rematou.

A cantora vai interpretar, de Cartola, acompanhada por Carlinhos Sete Cordas, temas como “O mundo é um moinho”, "Acontece", “As rosas não falam”, entre outras, seguindo-se, no palco do Coliseu, Catano Veloso, a quem Teresa Cristina se junta no final, “para interpretar quatro ou cinco canções de Veloso”.

Sobre Caetano Veloso, com quem trabalhou pela primeira vez no espetáculo “Obra em progresso”, a cantora elogiou a atitude “atenta” à cena cultural atual, e “o interesse genuíno pelos mais novos”.

“Caetano [Veloso] tem uma postura muito singular, pois ele é um 'monstro', uma pessoa grandiosa, um artista muito influente aqui no Brasil, e ele tem um olhar muito sereno com quem está começando, com quem está em volta dele, ele tem sempre uma opinião sobre cada artista”, afirmou.

Caetano Veloso, por seu turno, que se apresenta apenas acompanhando-se ao violão, nos dois concertos no Coliseu de Lisboa, celebra os 35 anos da sua estreia nesta sala, na rua das Portas de Santo Antão, na baixa da capital portuguesa.

O espetáculo de Caetano faz parte da digressão internacional do cantor e compositor baiano, que passou por Paris, no passado fim de semana, e que, depois de Lisboa, será apresentado em São Paulo, no próximo dia 18, de acordo com a informação do cantor na internet.

Seguir-se-ão, em outubro, Seul, no dia 03, Osaka e Tóquio, respetivamente a 05 e 09 de outubro, Nova Iorque, a 12 e 13, Chicago, no dia 16, e Fort Lauderdale, no dia 18 de outubro, segundo o calendário atualizado da digressão "#CaetanoApresentaTeresa".

Caetano Veloso atuou nos coliseus de Lisboa e Porto, no passado mês de abril, num espetáculo em parceria com Gilberto Gil.