A mostra integra-se na "prática de Design de Produto (ou Anti Produto), de conteúdo amadurecido e consistentemente político, reivindicativo e utópico", que o coletivo reivindica para a sua ação.

Três cabides amovíveis em 'aço-mola' intitulados "Nosferatu", "Béla Lugozi" e "Barbarela", um candeeiro alto cuja luz sai de um foco de avião, de nome "Light Machine", e o "Manifesto Fluxus", do movimento artístico de vanguarda dos anos de 1960/1970, cujo inconformismo o coletivo português subscreve, contam-se entre as peças expostas no Museu de Arte Contemporânea.

Trata-se de uma exposição política de contestação ao neoliberalismo à semelhança de todos os trabalhos do coletivo Infrações, como disse Luísa Coder, à agência Lusa.

"Corvo", uma cadeira metálica com um circuito interno de onde sai água, e "Neocontra", um armário em aço oxidado onde estão inscritos os nomes das empresas mais poluentes do mundo, são objetos exibidos na mostra.

Entre as peças expostas pelo coletivo formado em 1987, e que este ano completa 30 anos de contestação, conta-se igualmente uma cauda de avião com uma roda de bicicleta transformada em candeeiro, intitulada "Fuck 117", elaborada quando da guerra da ex-Jugoslávia para a 1.ª edição da Experimentadesign

A esta juntam-se "Batman" e "Casa da construção", uma instalação com cubos de acrílico de uma empresa de telemóveis.

A mostra integra ainda uma componente vídeo, com outros trabalhos do coletivo, disse à Lusa Luísa Coder.

É o caso de "Bloodcast", uma instalação com televisores que vai passando filmes sobre a Palestina e locais do planeta atingidos pela fome.

Com curadoria do historiador de arte e design Rui Afonso Santos, a mostra resulta do convite da diretora do Museu do Chiado, segundo a artista, e o título - escolhido pelo curador - traduz as preocupações políticas e sociais da dupla.

"É uma exposição toda ela de cariz político, que tem a ver com o neoliberalismo e que visa contestar a política estapafúrdia desta corrente", frisou a artista.

"Love versus Power?" funciona como uma retrospetiva dos dois artistas que optaram por uma "clara opção antiliberal", e que procuram contestar as políticas de sistemas atuais, com uma postura ética, irónica e de humor.

Por isso, todos os conteúdos assumem uma "tendência experimentalista e crítica", mas também um lado "filosófico, reivindicativo e utópico", segundo Luísa Coder.

Luísa Coder e José Russel procuram desenvolver um "forte discurso crítico do mundo contemporâneo", sem descurar a necessidade de recuperar a discussão em torno da estéticae do ornamento inteligente.

Os trabalhos do coletivo têm ainda a particularidade de serem todos elaborados a partir de material respigado, reciclado ou redesenhado, proveniente sobretudo de unidades insdustriais.

Os artistas privilegiam a elaboração dos seus objetos de arte através do trabalho manual, como forma de contestar o "formalismo vazio, o falso esteticismo e o ornamento gratuito institucionalizados e alienantes de muita da oferta dos produtos industriais".