O colóquio, organizado pelo Instituto de Etnomusicologia - Centro de Estudos de Música e Dança da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, em parceria com o Secretariado Nacional Bens Culturais da Igreja Católica (SNBCI), realiza-se na sexta-feira e no sábado, no Palácio da Ajuda, na capital portuguesa, no âmbito das celebrações do 3.º centenário da criação do Patriarcado de Lisboa.

Segundo uma nota do SNBCI enviada à agência Lusa, este colóquio “pretende reavaliar e fomentar novos olhares sobre o papel da Patriarcal no âmbito da promoção da música e das artes visuais, tendo em conta quer a sua funcionalidade cerimonial, quer o seu impacto além do estrito âmbito cortesão e eclesiástico”.

Na mesma nota lê-se que, "contrariando a tendência para uma abordagem compartimentada por áreas do saber, pretende-se promover uma abordagem transversal, devidamente contextualizada no âmbito da história política, religiosa e cultural, englobando vários domínios artísticos, bem como situar o caso português no panorama internacional".

A elevação da Capela Real de Lisboa à dignidade de basílica metropolitana e patriarcal, em 1716, pela bula de Clemente IX, “foi o culminar de um processo desencadeado pelo rei D. João V, no sentido de transformar Lisboa num centro religioso com uma imagem comparável à de Roma”, explicou fonte eclesiástica à Lusa.

A criação do Patriarcado foi uma “especificidade singular no panorama europeu ao proporcionar a fusão da capela de corte (instituição paralela à das restantes monarquias europeias, que assim passava a incorporar a mais alta hierarquia da igreja portuguesa), com o sumptuoso cerimonial inspirado nos modelos rituais e estéticos das capelas e basílicas pontifícias”, segundo nota da organização do colóquio.

A categoria de Patriarcal, na Europa ocidental, é apenas detida por Lisboa e Veneza.

Segundo fonte da organização, a Patriarcal lisbonense foi “sucessivamente engrandecida com privilégios litúrgicos e património artístico, servindo de impulso à renovação das estruturas musicais da corte, e viria a converter-se numa instituição peculiar no quadro dos organismos eclesiásticos do mundo católico, ao mesmo tempo que reforçava a dimensão sacral da monarquia absoluta” portuguesa.

O colóquio conta com a participação do cardeal-patriarca, Manuel Clemente, na sexta-feira, pelas 15:30, e dos investigadores António Camões Gouveia, António Filipe Pimentel, Cristina Fernandes, João Pedro d'Alvarenga, João Vaz, Nuno Saldanha, Rodrigo Teodoro de Paula e Rui Vieira Nery, entre outros.

No âmbito deste colóquio realiza-se, também na sexta-feira, ao final da tarde, o concerto comemorativo do 10.º aniversário da Capella Patriarchal, sob a direção musical de João Vaz. O ensemble Capella Patriarchal é vocacionado para a interpretação de música religiosa, e é especialista em compositores portugueses desde o século XVI.

Constituem a Capella Patriarchal, Mónica Santos e Marisa Figueira (sopranos), Carolina Figueiredo (contralto), João Moreira (tenor), Manuel Rebelo e Sérgio Silva (baixos) e Marta Vicente (contrabaixo).

Além de apresentações em Portugal, o grupo atuou em 2013, em Espanha, no âmbito do 35.º Curso de Música Antigua de Daroca, na região autónoma de Aragão.

O colóquio encerra no sábado, com a intervenção de Ricardo Aniceto, do Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa, que falará sobre “A Extinção da Patriarcal e a criação da Sé Metropolitana Patriarcal de Lisboa”.