“Andamos há muito tempo à espera de um apoio contínuo e digno ao nosso projeto, que nos permita ir mais longe. No dia 23 de setembro, provavelmente, decorrerá o último concerto da orquestra, [que terminará] por falta de financiamento”, disse à Lusa Sofia Ruivo, uma das porta-vozes da JOP, momentos antes da atuação em Belém.

Pelas 18:45, os cerca de 40 músicos da JOP presentes começaram a tocar um tema de Weber perante o olhar atento de algumas pessoas que se foram juntando no jardim. Numa das zonas mais turísticas de Lisboa, alguns estrangeiros que passavam paravam para assistir.

Apesar de terem marcado a atuação para a porta da Residência Oficial do Presidente da República, os jovens músicos não contavam que aparecesse para os ver tocar.

“Só queremos fazer chegar a nossa mensagem. Se souberem que isto aconteceu já é muito bom”, disse Sofia Ruivo.

A atuação de hoje foi “uma última tentativa de fazer chegar a mensagem e os apelos” aos responsáveis políticos.

A JOP foi criada em 2010 e é, desde 2013, a representante portuguesa na Federação Europeia de Orquestras Nacionais de Jovens.

Nesta temporada, é constituída por 80 jovens de todo o país com idades entre os 14 e os 24 anos.

“Todos os anos há audições e fazemos vários estágios por temporada. Juntamo-nos todos, somos de muitos pontos do país e alguns estão a estudar fora, e ficamos alojados numa pousada. Não recebemos [pagamento] e também temos de pagar por nossa conta alguns custos dos estágios”, explicou à Lusa Mariana Lopes, outra das porta-vozes da JOP.

A orquestra tem sobrevivido com “o apoio de privados” e este ano teve “um apoio do Estado [através da Direção-Geral das Artes], mas foi mínimo”, referiu Sofia Ruivo.

A atuação que têm marcada para 23 de setembro, “onde não estará a orquestra completa”, é “um concerto privado de angariação de fundos”.

Por isso, alerta Mariana Lopes, “na quarta-feira deverá ser mesmo o último concerto com a orquestra completa”.

A JOP atua na quarta-feira às 21:00 no Centro Cultural de Belém (CCB), com a Orquestra de Câmara Portuguesa.

Foi aliás um concerto da JOP no CCB o destaque que Marcelo Rebelo de Sousa fez da programação da edição de 2016 do festival Dias da Música.

“O programa do Festival Dias da Música é, como sempre, excecional. Destacaria, ainda assim, a sinfonia ‘Do Novo Mundo’ de Antonín Dvorák, interpretada pela Jovem Orquestra Portuguesa. Saliento o trabalho extraordinário deste grupo de jovens músicos dirigidos pelo maestro Pedro Carneiro, que demonstra bem o dinamismo e a qualidade musical das gerações mais novas”, lê-se numa mensagem do Presidente da República partilhada na página do CCB na rede social Facebook publicada em abril do ano passado.