Antes de subir ao palco para apresentar o espetáculo de stand-up comedy, Guilherme Duarte conversou com o SAPO Mag - não para falar doutra coisa, mas para falar disso mesmo. "Comecei a fazer stand-up há uns três anos mas, infelizmente, em Portugal é difícil testar material. Por isso é que esperei tanto tempo até fazer o meu primeiro espetáculo a solo", conta, acrescentando que este é um salto que nunca pensou dar quando decidiu criar o Por Falar Noutra Coisa, que diz ser o melhor blog que a sua avó "analfabeta e com Alzheimer" já leu.

Por falar noutra coisa

"Chegou a altura de dar o salto e de fazer um espetáculo a solo em que há piadas e textos que fiz no blog ou no Facebook e que rescrevi para funcionarem em palco. Outras coisas já testei algumas vezes em bares, mas terá partes que nunca testei em lado nenhum. Portanto, vai ser um bocadinho aterrador porque não sei bem se aquilo vai funcionar ou não", confessa ao SAPO Mag, revelando que os bilhetes estão "a vender melhor do que estava à espera". "Uma coisa é leres na internet, meter 'like' em casa - não custa dinheiro e não dá trabalho; outra coisa é levantares o rabo, marcares um dia e gastares dinheiro. Mas fico muito contente que o público esteja a aderir", frisa.

A presença de Doutor G nos espetáculos também está confirmada. "Há uma parte do Doutor G, um consultório sentimental que tenho na internet, que vou fazer ao vivo. Vou chamar pessoal do público e fazer uma consulta ao vivo", revela ao SAPO Mag.

Mas como é que tudo começou? "Do ponto de vista de gostar de humor, acho que o gosto nasceu cedo. Se tivesse de precisar, acho que foi quando me ofereceram um livro do 'Calvin and Hobbes' e pensaram que aquilo eram desenhos para crianças e eu tinha uns 11 anos. Comecei a ler aquilo e fiquei fascinado por aquele mundo. Muitas coisas não percebia porque há ali um bocadinho de humor refinado, mas acho que foi aí que me comecei a interessar. Depois, mais tarde, com o Herman, na altura do 'Herman Enciclopédia', eu tinha uns 13 ou 14 anos, comecei mesmo a interessar-me por humor e a tentar imitar as personagens em casa. Sempre fui um consumidor de humor, de séries e de filmes. Mas, assim do ponto de vista de tentar começar a fazer alguma coisa, foi só mesmo quando criei o blog, há uns quatro anos", conta.

"Nunca tive essa ideia de 'acho que vou fazer isto um dia'. Sempre achei que aquilo não era para mim, sempre fui muito tímido. Gostava só de fazer para os amigos ou em casa. Quando escolhi o curso fui para engenheiro informático, que era o que eu queria. Nunca me passou pela cabeça e tudo aconteceu numa altura de transição da minha vida - sai de um trabalho, estava a fazer um projeto diferente, andava à procura de trabalho e estava em casa sem fazer nada e decidi criar um blog e uma página de Facebook para dizer umas palermices", explica Guilherme Duarte.

Tal como a grande maioria dos bloggers, o humorista criou o Por Falar Noutra coisa por hobby. "Sempre pensei que isto é muito efémero e ainda continuo a pensar - no online as pessoas estão a ler uma coisa hoje e no dia a seguir seguem outra pessoa e há tantas a aparecer e com qualidade. Foi sempre um hobby. Chegava a casa e gostava de escrever em vez de ir ao ginásio - faz pior à saúde, mas à cabeça fazia melhor", graceja.

Guilherme Duarte

Post a post, piada a piada, Guilherme Duarte foi conquistando mais e mais seguidores nas redes sociais. "A internet é uma democratização do conteúdo. Consegues passar à volta das cunhas - um gajo da Buraca não tem cunhas - e ir direto ao público. Consegues passar as burocracias e és mais livre", frisa.

Sem as ditas burocracias, o sucesso do blog e da página de Facebook foi aumentando e obrigaram Guilherme Duarte a decidir entre a informática e o humor. "Em fevereiro deste ano, decidi despedir-me e tentar isto a full time", conta, acrescentando que o trabalho como informático pode ajudar a construir piadas: "Aquelas matemáticas horríveis que andei a fazer no Técnico se calhar ajudaram-me para ter um pensamento abstrato mais estranho e que, às vezes, pode ser origem da piada".

Depois dos livros, o espetáculo que vai correr o país a partir do fim de outubro é outra forma de Guilherme Duarte assegurar a continuidade do projeto. "Ponho conteúdo na internet há uns quatro anos e as pessoas não me devem nada porque sempre foi um prazer para mim. Mas se as pessoas gostam do que eu escrevo, é a maneira que eu tenho para continuar a viver disto", explica.

As datas dos espetáculo Por Falar Noutra Coisa podem ser consultadas aqui.  Os bilhetes para Faro estão disponíveis aqui

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