A 'mini-digressão' portuguesa tem por base o álbum “A Mulher do Fim do Mundo”, o primeiro de inéditos da cantora, em cerca de 60 anos de carreira, que foi distinguido como melhor álbum de música popular brasileira, nos Grammy Latinos, e melhor disco do ano de 2015, pela revista Rolling Stone Brasil, entre outros prémios.

"Monumento brasileiro, diva da 'bossa negra', mulher furacão e cantora do milénio são apenas algumas das designações atribuídas a Elza Soares, que, aos 78 anos, regressa a Portugal em plena forma", destaca o programa do Vodafone Mexefest, que vai receber a cantora no sábado à noite, no Coliseu dos Recreios.

"Elza Soares é uma lenda viva da música brasileira", escreve a Casa da Música na apresentação do concerto de hoje, recordando que “A Mulher do Fim do Mundo” retrata a vida e as lutas pessoais de Elza Soares.

"A sua história é trágica, imensa de perdas, violência e pobreza. No entanto, através da música foi exorcizando muitos dos seus fantasmas, dando sempre voz aos direitos dos negros, das mulheres e da comunidade homossexual", escreve a Casa da Música.

Elza Soares, que surge nos ecrãs televisivos, nos anos de 1950, nasceu numa favela, foi mãe adolescente, enfrentou a morte de quatro filhos e a morte de companheiros, como o ex-futebolista Garrincha, enfrentou preconceitos, viu a carreira soçobrar por várias vezes, e renasceu sempre, através da música.

No seu percurso destacam-se álbuns como “A bossa negra” (1960) “Sambossa” (1963), "Elza pede passagem" (1972) e "Lição de vida" (1976), "Elza negra negra" (1980), "Alegria do povo", "Somos todos iguais” (1985) e “Voltei” (1988), “Trajetória” (1997) ou o mais recente "Do cóccix até ao pescoço", publicado em 2002, pouco depois de a BBC Radio a ter incluído entre as melhores vozes do milénio.

Em 1984, com Caetano Veloso, cantou "Língua", o 'samba-rap' que se transformou num dos maiores sucessos da música brasileira - "Gosto de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões" -, em que ambos 'refazem' o idioma em neologismos e apelam à criação de uma "frátria", uma pátria fraterna, mais do que "pátria" ou do que "mátria".

Com “A Mulher do Fim do Mundo”, Elza Soares "condensa sessenta anos de carreira e toda a sua criatividade e competência inovadora, experimentando jazz, soul, samba, funk e muitos outros géneros", lê-se na apresentação do Vodafone Mexefest.

"A Mulher do Fim do Mundo" é "um álbum apocalíptico de samba sujo experimental", no qual "aborda temas como o racismo, a violência doméstica, a transexualidade e as drogas".

"O que me fez morrer vai-me fazer voltar", canta, no novo disco, garantindo que vai "cantar até ao fim".

O festival lisboeta escreve que Elza Soares é acompanhada por alguns dos "mais irreverentes e talentosos" músicos da 'cena' atual de São Paulo, que têm revisitado a tradição musical brasileira, como Kiko Dinucci (guitarra), Rodrigo Campos (cavaquinho), Marcelo Cabral (baixo), Felipe Roseno (percussão), Guilherme Kastrup (bateria), além de Celso Yes e do compositor Romulo Fróes, que assinam a direção artística.

Depois do concerto de hoje, às 22:00, na Casa da Música, no Porto, Elza Soares apresentar-se-á em Aveiro, na sexta-feira, no Teatro Aveirense, a partir das 21:30.

O espetáculo no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, no sábado, tem início marcado para as 22:10.

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