Louis C.K. reconheceu que histórias apresentadas numa investigação do jornal New York Times são verdadeiras.

Na quinta-feira, cinco mulheres revelaram que o ator e humorista se tinha masturbado, ou pedido para se masturbar à sua frente.

"Estas histórias são verdadeiras. Na altura, disse a mim mesmo que o que fiz estava bem porque nunca mostrei o meu pénis sem perguntar primeiro, o que também é verdade. Mas o que descobri mais tarde na vida, demasiado tarde, é que quando se tem poder sobre outra pessoa, pedir-lhes para verem o nosso pénis não é uma questão. É um dilema. O poder que tinha sobre estas mulheres é que elas me admiravam. E eu lidei com esse poder irresponsavelmente.", explicou.

"Tenho tido remorsos pelos meus atos. E tentei aprender com eles. E fugir deles. Agora tenho noção da dimensão do impacto das minhas ações. Ontem aprendi a dimensão de como deixei estas mulheres que me admiravam a sentirem-se mal com elas mesmas e a terem cautela à volta de outros homens que nunca as colocariam naquela posição", acrescentou aquele que foi considerado no início do ano pela revista Rolling Stone como o quarto maior humorista de todos os tempos.

Louis C.K. também admite que se aproveitou do facto de ser muito admirado, pois isso desincentivava as mulheres de partilhar as suas histórias ou trazia-lhes dificuldades quando o tentavam fazer porque as pessoas que o viam como exemplo não queriam saber.

"Não há nada sobre isto pelo qual me perdoe. E tenho de reconciliar isso com quem sou. O que não é nada comparado com o que lhes deixei. Gostava de ter reagido à sua admiração por mim sendo um bom exemplo para elas como homem e dar-lhes alguma orientação enquanto humorista, incluindo porque admirada o seu trabalho.", revelou, antes de lamentar a dor que trouxe aos que lhe são mais próximos e às pessoas quem quem trabalhou, bem como à estação FX, que transmite "Louie" e The Orchard, distribuidora do seu filme "I Love You, Daddy".

Louis C.K. juntou uma grande fortuna com os seus espetáculos ao vivo em todo o mundo, bem como programas de TV e filmes. O comunicado termina com o anúncio de que vai passar um longo período longe das atenções: "Passei a minha longa e sortuda carreira a falar e a dizer tudo o que queria. Vou agora dar um passo atrás e demorar muito tempo a ouvir".

 As acusações

Na investigação do  New York Times,  duas humoristas, Dana Min Goodman e Julia Wolov, contaram que foram convidadas para irem ao quarto de Louis C.K. após um espetáculo em Aspen (Colorado), em 2012 e quando chegaram, este lhes perguntou se podia masturbar-se.

"E depois ele realmente fez isso. Tirou toda a roupa e ficou completamente nu e começou a masturbar-se", revelou Goodman.

A atriz Rebecca Corry também relatou a mesma história, que terá ocorrido quando apareceu com ele na gravação de episódio-piloto de uma série em 2005.

Outra das acusadoras,  Abby Schachner, recorda-se de ter ouvido Louis C.K. a fazer o mesmo durante uma conversa telefónica em 2003.

Uma quinta mulher, que quis manter o anonimato, diz que ele também lhe pediu para o ver masturbar-se quando trabalhavam na produção do "The Chris Rock Show" no final dos anos 90.

Rumores da iminente publicação do artigo já tinham levado ao cancelamento horas antes da antestreia de "I Love You, Daddy", bem como da participação no programa "The Late Show With Stephen Colbert".

Entre os atores do filme estão Chloë Grace Moretz e Charlie Day, que anunciaram que não fariam qualquer trabalho de promoção. Esta sexta-feira, foi anunciado o cancelamento da estreia.

A Netflix também anulou um segundo programa especial com o humorista e a estação FX disse que estava averiguar a situação e os muitos projetos em desenvolvimento que tinham em conjunto (Atualizado às 21h49: a FX anunciou o fim do contrato que tinha com a sua produtora, pelo que deixará de receber rendimentos das séries "Better Things", "Baskets", "One Mississippi" e "The Cops").

O New York Times foi o mesmo jornal que publicou a 5 de outubro a primeira investigação sobre os alegados casos de assédio sexual envolvendo o produtor Harvey Weistein.