“É fácil encontrar realismo mágico por todo o lado” afirmou no sábado à noite, no Folio – Festival Literário Internacional de Óbidos, o escritor para quem, na Bíblia a descrição de "Jesus a subir aos céus como um foguete”, é disso exemplo.

Numa conversa com o público do Folio o mais traduzido escritor islandês, considerado um das principais vozes da literatura nórdica, ironizou sobre as características do seu povo, os “apenas 300 mil habitantes” da Islândia, que diz contarem histórias “para sobreviver”.

Na ilha onde “não chegavam barcos entre outubro e abril” e se ficava seis meses sem saber notícias do mundo, “o mais fácil era encontrar esperança inventando coisas”, frisou.

Autor da trilogia “Paraíso e Inferno”, “A tristeza dos Anjos” e “Coração do Homem”, o escritor, que em tempos foi pescador, admitiu hoje o peso da natureza da ilha nos seus livros, mas ironizou com o conceito de que a literatura nórdica é mais triste que as obras de autores do sul.

“O fado é felicidade?” Questionou, afirmando que se os portugueses “são tristes a cantar”, ao contrário dos islandeses, a solidão e a imponência da natureza da ilha, retratada nos seus livros, não significa o povo islandês seja triste.

Prova disso foi o sentido de humor com que o autor respondeu, durante mais de hora de meia a José Riço Direitinho, numa conversa que passou pela vitória dos portugueses no Campeonato da Europa e pelo reconhecimento de José Saramago e Fernando Pessoa os maiores escritores portugueses.

“Portugal é Pessoa”, escritor que, de tão grande considerou “como Elvis Presley, um extra terrestre". Já o país é para o escritor “uma terra de literatura e poesia”, concluiu.

Jón Kalman Stefánsson participa na segunda edição do Folio – Festival Literário Internacional de Óbidos, que decorre na vila até ao dia 2 de outubro.

O festival celebra este ano os 500 anos da ‘Utopia’ de Thomas More, o Ano Internacional do Entendimento Global, o centenário do nascimento de Vergílio Ferreira, os 500 anos da morte do pintor Hieronymus Bosch e os 400 da morte dos clássicos William Shakespeare e Miguel de Cervantes.