A exposição, que estará patente até 8 de dezembro, reúne os cartazes originais da estreia de Amália no Casino de Copacabana, em 1944, além de registos inéditos de som e imagem, incluindo a partitura original do clássico “Ai, Mouraria”, composto no Rio de Janeiro.

A mostra, ao lado dos documentos históricos, apresenta obras inspiradas na criadora de “Povo que lavas no rio”, assinadas por artistas contemporâneos, como Vik Muniz, Francesco Vezzoli e Ana Pérez-Quiroga, que apresenta “O quase mesmo autógrafo”, uma peça produzida propositadamente para esta mostra.

Esta peça de Pérez-Quiroga, natural de Coimbra, é constituída por 30 imagens impressas a jato de tinta sobre papel fotográfico “Epson UltraSmooth Fine Art Paper”, impressões de 29.7x21 centímetros, com texto impresso e texto vinil autocolante, explicou à Lusa fonte da organização da mostra.

Também hoje, mas à noite, sobem ao palco da Grande Sala da Cidade das Artes, numa homenagem a Amália Rodrigues (1920-1999), os fadistas Pedro Moutinho, Fábia Rebordão e Lenita Gentil, acompanhados por Custódio Castelo, na guitarra portuguesa, Carlos Menezes, na viola baixo, e Jorge Fernando, voz e viola, músico que acompanhou Amália e a quem cabe a direção musical.

A mostra visa dar “a conhecer a relação de Amália Rodrigues com o Brasil, a importância deste país na construção da sua presença no mundo”, segundo comunicado da organização.

Amália Rodrigues (1920-1999) deslocou-se várias vezes ao Brasil, onde gravou discos pela primeira vez, e onde criou, entre outros, o “Fado Xuxu” e “Ai, Mouraria”, ambos de Amadeu do Vale e Frederico Valério, e gravou o seu primeiro poema, “Corria atrás das cantigas”, no Fado Mouraria.

No início da década de 1950, a fadista gravou um conjunto de temas de autores brasileiros como “A coroa do rei”, "Saudades de Itapuã", "Falsa baiana" e “Nega maluca”.

Foi no Brasil que a artista se casou pela segunda vez, numa altura em pensou abandonar a carreira, como afirmou várias vezes à imprensa da época.

O título da exposição, com curadoria de Frederico Santiago, Luís Neves e Sara Cavaco, remete para uma composição de Vinicius de Moraes, “Saudades do Brasil em Portugal”, composta para a voz de Amália, e que a gravou em dezembro de 1969, quando o criador brasileiro visitou a fadista na sua casa em Lisboa, e ali se realizou uma tertúlia, em que, entre outros, participaram Natália Correia, David Mourão-Ferreira e José Carlos Ary dos Santos.

Amália Rodrigues, com o compositor luso-francês Alain Oulman, gravou “Naufrágio”, da brasileira de ascendência açoriana Cecília Meirelles, e ao Brasil foi buscar um outro título, “Formiga Bossa-Nova”, do português Alexandre O'Neill, que Oulman também musicou.

A fadista atuou regularmente no Brasil e a exposição, que já esteve patente em S. Paulo, “dá a conhecer a relação de Amália Rodrigues com o Brasil, a importância deste país na construção da sua presença no mundo e a influência que a artista teve e continua a ter nas novas gerações de criadores, não só na área da música como também nas artes visuais”, segundo a organização.