Em declarações à Lusa, o fadista afirmou que tem tido “uma grata aceitação, e nada preconceituosa, em relação à cultura portuguesa, por parte do público francês”, tendo atuado, no ano passado, “em quase toda a França, e os convites, este ano, têm-se multiplicado”.

Duarte justifica o interesse do público francês, “talvez por estas novas cores do fado, digamos assim, mas também [pela] forte ligação que se estabelece, em palco, com a poesia, e o facto de os franceses, começarem, eles próprios, a entender o fado com essa carga psicanalítica, quase catártica que tem”.

Por outro lado, acrescentou, o facto de se ter estreado no Théâtre de la Ville, em Paris, “e com boas críticas, abriu caminho”.

Na quarta-feira, Duarte atua na Salle Jacques Tati, em Saint-Germain-en-Laye, na região de Poissy, a 20 quilómetros de Paris.

Na quinta, sexta-feira e sábado, o criador de “Desassossego” atua no Théâtre André Malraux, em Rueil Malmaison, a 12 quilómetros a oeste de Paris.

No domingo, canta na igreja de Santo Hipólito de Fontès, em Clermont l´Herault, no sul de França, no âmbito do Festival "Musiques et Passions".

“Eu faço o que tenho de fazer. Aquilo que faço em todos os concertos é transmitir um presente autêntico, de um caminho que fui fazendo, a ligação entre a poesia e o fado”, disse à Lusa o criador de “Fado Escorpião”.

“O interesse [do público] deve-se a estas novas cores do fado, e que, à luz do que se faz noutras áreas artísticas, se pode misturar, e da forma como se vão cruzando os fados com alguma poesia dita em francês”, referiu.

O ator Alain Vachier também sobe a palco, como um alter ego do fadista, e diz em francês alguns dos poemas que Duarte canta, explicou.

“O público recebe aquela linguagem simbólica do fado, mas agora recebe também algumas traduções, com um ator francês que está em palco [Alain Vachier], que assume uma espécie de alter ego”, disse Duarte à Lusa.

O fadista, distinguido com um Prémio Amália Revelação, em 2006, é acompanhado pelos músicos Pedro Amendoeira, na guitarra portuguesa, e Rogério Ferreira, na viola.

O fadista apresenta o seu mais recente álbum, “Sem dor nem piedade. Fados para uma relação acabada em quatro atos”, editado no ano passado, que foi produzido pelo músico Carlos Manuel Proença.

O álbum é constituído por 14 temas, quase todos fados tradicionais, como o Fado dos Sonhos, o Menor em Versículo e o Fado Cravo, e apenas uma música original de autoria de Tozé Brito. Os poemas são todos de autoria de Duarte, à exceção de “Sete Esperanças, Sete Dias”, que é de Manuel Andrade.

Duarte, natural de Évora, fez parte da Tuna Académica da Universidade local, de 1998 a 2003. Em 2004, com 23 anos, editou o primeiro álbum, “Fados meus”, e, em 2006 o tema “Dizem que o meu fado é triste”, foi integrado no CD antológico “Fados do Porto”, inserido na coleção celebrativa “100 anos do fado”. Em 2009 revelou o segundo álbum, "Aquelas coisas da gente”.

Em 2014, Duarte fez uma temporada no Vingtième Théâtre, em Paris, e cumpriu uma digressão por cinco palcos no Estado norte-americano de Massachusetts, que incluiu ‘workshops’ sobre fados, em algumas universidades.

Tudo o que se passa à frente e atrás das câmaras!

Receba o melhor do SAPO Mag, semanalmente, no seu email.

Os temas quentes do cinema, da TV e da música!

Ative as notificações do SAPO Mag.

O que está a dar na TV, no cinema e na música!

Siga o SAPO nas redes sociais. Use a #SAPOmag nas suas publicações.