Em entrevista à Lusa, o adjunto do presidente da Câmara Municipal do Porto para a Cultura, Guilherme Blanc, destacou a aposta em três autores internacionais convidados para participar nas sessões de debates, bem como a maturidade da programação cultural do evento, que mantém os eixos programáticos das edições anteriores, como destaques da quarta edição do evento organizado a cargo da autarquia.

“A questão da internacionalização, com três autores fulgurantes internacionais de diferentes geografias, literárias e culturais, é um fator distintivo da feira este ano”, apontou Guilherme Blanc.

O tema que cruza toda a programação é o da relação da Humanidade com o planeta, bem como a forma como hoje interfere e se relaciona com o equilíbrio natural, conceito que “percorre a ação do pelouro da Cultura e é um tema que atravessa a obra de Sophia de Mello Breyner”, a autora homenageada este ano pelo certame.

Entre os convidados internacionais, destaque para o escritor francês Laurent Binet, vencedor do Prémio Gouncourt em 2010 por “HHhH”, numa sessão de debate, em 16 de setembro, intitulada “O que pode a língua?”, e moderada por Ana Sousa Dias, sobre “realidade e ficção, e sobre a linguagem como instrumento de transformação do Homem e do mundo”.

No dia 03 de setembro, primeiro domingo da feira, é a sul-coreana Han Kang, que em 2016 venceu o Man Booker Internacional por “A Vegetariana”, que estará presente num debate sobre “a solidão do Oriente”, sobre “a situação da mulher numa sociedade conservadora, como é a coreana, a solidão e a loucura”.

Por seu lado, o autor Teju Cole, de dupla nacionalidade nigeriana e norte-americana, conversa a 10 de setembro com Isabel Lucas sobre os “caminhos da nova literatura africana”.

Em jeito de balanço das três edições da Feira do Livro até agora organizadas pela autarquia, Guilherme Blanc considerou que o espaço é o mais apropriado e isso deu origem a um “resultado imediato”, em que “se percebeu que a cidade queria” o evento.

Por outro lado, o programa cultural “tem vindo a maturar e a crescer”, com o projeto a sedimentar-se “no terceiro ano, em que a forma programática estava sólida”, com níveis de público a aumentar e “um nível de qualidade interessante”, sendo que “neste quarto ano era preciso crescer um pouco”, razão que justifica a “dimensão internacional do programa, depois de confirmada a estabilidade e qualidade”.

Uma das reflexões que levaram a mudanças na quarta edição ocorreu sobre a programação infantil, que “estava um pouco sobredimensionada”, pelo que a estratégia foi redefinida para incluir “mais performances, espetáculos e oficinas” e menos eventos “com inscrição prévia, mais rígidos”.

Embora seja difícil prever se o número de visitantes vai aumentar, depois de o município ter anunciado 250 mil em 2016, um valor recorde, Blanc considera que “as pessoas estão mais sensíveis à Feira do Livro e ao espaço onde acontece”, além do aumento do nível do programa, pelo que os números podem aumentar.

Quanto ao recinto, este apresenta potencial de crescimento, embora o ambiente do evento tenha de ser preservado face a “um eventual crescimento da feira, onde esse fator será tido em conta”, até pelo “casamento interessante” entre “o lado romântico da literatura no Porto e os jardins românticos”.

Além de várias sessões dedicadas à autora homenageada em 2017, como um debate a 02 de setembro que junta o filho Miguel Sousa Tavares a Frederico Lourenço e Ana Luísa Amaral, será ainda inaugurada uma exposição, patente até 12 de novembro na Galeria Municipal, sobre os quatro elementos da Natureza e a obra de Sophia, sendo que o ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, vai visitar o evento no dia 02 de setembro, pelas 18:30, aquando da atribuição da tília de homenagem, na Avenida das Tílias dos jardins.

Sobre a continuidade da Feira do Livro do Porto, dependente do resultado das eleições autárquicas de 01 de outubro, Guilherme Blanc afiançou que o evento se insere “no programa de Rui Moreira, onde a cultura tem papel preponderante”, e que há a intenção de “fazer o projeto crescer [para] torná-lo mais internacional”.

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