O anúncio foi feito hoje, na apresentação da 40.ª edição do Festival de Almada, que decorre de 4 a 18 de julho, um aniversário que a programação celebra com “alguns dos mais destacados criadores e companhias nacionais e internacionais”.

A Companhia de Teatro de Almada, que organiza o festival, vai estrear a peça “Calvário”, com texto e encenação de Rodrigo Francisco, enquanto o Teatro Griot, em coprodução com os Artistas Unidos, adapta “Ventos do Apocalipse”, de Noé João, a partir do romance da escritora moçambicana Paulina Chiziane, Prémio Camões 2021.

De acordo com a programação, “Calvário” utiliza o mecanismo do “teatro dentro do teatro” para contar o “naufrágio coletivo” de um grupo que está a tentar montar a peça “Minetti”, de Thomas Bernhard.

Quanto ao espetáculo “Ventos do Apocalipse”, invoca o cenário dantesco da guerra civil moçambicana, que Chiziane descreve no seu romance de uma forma “dantesca e 'boscheana'”, como afirmou Noé João, numa alusão ao mestre da pintura flamenga dos séculos XV/XVI, autor das "Tentações de St.º Antão", Hieronymus Bosch.

O festival contará ainda com peças do Teatro Nacional São João, do Teatro do Vestido, da Formiga Atómica e de Rui M. Silva.

O Teatro Nacional São João apresenta “Suécia”, de Pedro Mexia, com encenação de Nuno Cardoso, cujo ponto de partida foi o fascínio do escritor por aquele país nórdico. Estreada no Nacional do Porto, no passado dia 8, "Suécia" é a primeira peça longa do autor, que se estreou na dramaturgia com "Nada de Dois", de 2009, uma tragicomédia em seis curtos atos, protagonizada por um casal em confronto.

Joana Craveiro e o seu Teatro do Vestido propõem uma “viagem ao tempo das cassetes”, com o espetáculo “Aquilo que ouvíamos”, que aborda a cultura musical alternativa dos anos 1980/90, e que se estreou em 2021 no Lux/Frágil.

A dupla Miguel Fragata e Inês Barahona, com a sua Formiga Atómica, repõem “Montanha-russa”, um dos êxitos de 2018, com música ao vivo dos Clã (Helder Gonçalves e Manuela Azevedo).

O ator Rui M. Silva, por sua vez, vai interpretar a solo um texto de Afonso Cruz intitulado “A equipa”, uma história de autoficção sobre a amizade e a camaradagem de um grupo de jovens jogadores de basquetebol.

O Teatro Experimental de Cascais apresenta o Espetáculo de Honra 2023, “Eu sou a minha própria mulher”, de Doug Wrigth, com encenação de Carlos Avilez, votado pelo público na edição anterior para regressar este ano.

O Festival recebe ainda peças de criadores com raízes fora da Europa, como é o caso da encenadora e atriz libanesa Hanane Hajj Ali, e do ator e encenador francês, de origem argelina, Abdelwaheb Sefsaf.

Companhias como as dos catalães Els Joglars e dos belgas Raoul Collectif, assim como o criador galego Pablo Fidalgo, são também já conhecidos do público de Almada, regressando com novas criações.

Na sua 40.ª edição, que inclui 20 produções, o Festival de Almada vai homenagear o ator e encenador João Mota, fundador da Comuna – Teatro de Pesquisa, estando prevista, no dia 08 de julho, após a homenagem, a exibição da sua penúltima encenação, "Não andes nua pela casa", de Georges Feydeau.

O professor universitário italiano Franco Laera dirigirá a 10.ª edição do curso de formação “O sentido dos Mestres”, dedicado este ano à atividade de produção em teatro.

Para além das conversas com alguns dos criadores presentes em Almada, o Festival organiza um Encontro da Cerca dedicado ao tema “A Inteligência Artificial e a criação artística”.

De acordo com a programação, todos os dias, antes dos espetáculos da noite, haverá na esplanada da Escola D. António da Costa concertos de músicas do mundo, com entrada livre.

Os espetáculos serão distribuídos por nove palcos de Almada (Teatro Municipal Joaquim Benite, Escola D. António da Costa, Fórum Romeu Correia, Incrível Almadense, Academia Almadense) e Lisboa (Centro Cultural de Belém).