A intenção dos organizadores é a de que o Catrapim "associe cultura e natureza", levando os participantes a "praticar boas ações" ambientais que lhes garantam o acesso gratuito aos espetáculos de teatro, música, marionetas, poesia, ‘showcooking’ (com produtos da Mata), arte circense e outras artes performativas que irão decorrer em sete palcos.

Cada criança participante terá um passaporte ambiental, que terá de ser carimbado pelo ‘staff’ do Catrapim, de modo a permitir a livre circulação entre os vários palcos dispersos pela Mata. Para obter o carimbo, as crianças terão de saber separar o lixo, praticar uma boa ação ambiental ou responder a questões sobre boas práticas ambientais.

"Este primeiro Festival de Artes para Crianças será um evento aberto ao público em geral, pensado para famílias com filhos menores, que garantidamente proporcionará dois dias divertidos e dinâmicos na floresta", disse à agência Lusa o presidente da Fundação Mata do Buçaco, António Gravato.

Ainda segundo este responsável, durante o festival serão apresentados ao público as novas mascotes da Mata, "em tamanho humano", que pretendem representar a fauna e flora do Buçaco. "Uma será uma ‘caricatura' do esquilo e outra do medronho", revela Gravato, considerando que o festival reúne todas as condições para se tornar" inesquecível".

Promovido pela Fundação Mata do Bussaco e coproduzido pela Associação Escolíadas, o evento tem o apoio logístico e financeiro da Fundação Jumbo para a Juventude e da Câmara Municipal da Mealhada, e conta com a colaboração de escuteiros, bombeiros, autarcas, escolas e associações locais.

"A Câmara da Mealhada não podia deixar de estar associada a um festival com estas características tão peculiares e tão importantes. É o primeiro evento do género a ser realizado no nosso concelho, ainda por cima numa Mata Nacional mágica, com uma riqueza dispersa por 105 hectares de floresta única, com uma fauna e flora fabulosas", disse à Lusa o presidente do município, Rui Marqueiro.

O autarca considera que o evento "é uma oportunidade soberana para dar a conhecer a mais pessoas a imponência do Buçaco, o seu palácio majestoso, a única via-sacra no mundo à escala de Jerusalém, o convento de Santa Cruz".

No programa do Festival destaca-se o palco "A brincar com os sons", na Fonte de Samaritana, onde a companhia de teatro Catrapum, Catrapeia irá apresentar o teatro musical "Som a som, tom a tom" e uma performance com a "Mala mágica".

No palco "A selva na mata", nas Portas de Coimbra, o agrupamento de escolas de Eiras (Coimbra) irá apresentar a peça "Era uma vez na selva".

Junto às garagens do Palácio do Bussaco, no palco "Floresta encantada", a Associação de Jovens Cristãos de Luso irá apresentar o teatro musical "Flor Maria e as gotinhas da vida".

Junto ao cedro de S. José (o cedro mais antigo da Europa, plantado em 1644), no palco "Amigos da Natureza", será a vez do grupo de teatro "A fonte de Murtede" apresentar a peça "O amigo José".

No palco "O mundo das marionetas", junto ao Pretório, o conceituado Jakas (ator, diretor do Museu do Brinquedo e o único Pai Natal português certificado internacionalmente) apresenta um espetáculo de marionetas, enquanto na Via-Sacra (junto ao Passo da 1.ª queda de Cristo), no palco "À volta com as palavras", o contador de histórias André Madaleno apresentará o espetáculo "Palavras mágicas".

Na Fonte do Carregal, no palco "Musicar o Mundo", será apresentado, pelo Mar e Samba, o teatro musical "Xpto". O sétimo palco do Catrapim, denominado "Petiscos para todos os gostos", será montado também na Fonte do Carregal, para acolher o chef do Grande Hotel de Luso e o projeto Sardinha Fora da Lata.

O chef fará uma oficina de bolachas, para as crianças meterem mãos na massa e cozinharem e provarem as suas próprias iguarias. Já o projeto Fora da Lata assegurará uma experiência com cozinha vegetariana.

Os dois dias do festival de artes Catrapim encerrarão com um grande espetáculo nos jardins do Palácio do Bussaco, onde estará montado o palco "Terminar em grande". Será uma performance musical, coordenada por um maestro ligado à Casa da Música do Porto, que irá envolver/mobilizar todo o público presente (crianças e adultos).

Para o efeito, a Fundação Mata do Bussaco convida todos os visitantes a fazerem-se acompanhar de uma garrafa ou um garrafão vazio, podendo colocar no seu interior algo que ajude a produzir som. Em alternativa, o público pode levar um qualquer instrumento acústico.

Com 105 hectares, a Mata Nacional do Buçaco foi plantada pela Ordem dos Carmelitas Descalços no século XVII, encontrando-se delimitada pelos muros erguidos pela ordem para limitar o acesso.

Atualmente classificado como Imóvel de Interesse Público, o conjunto monumental do Bussaco apresenta um núcleo central formado pelo Palace Hotel do Bussaco (instalado desde 1917 num pavilhão de caça dos últimos reis de Portugal) e pelo Convento de Santa Cruz, a que se juntam as ermidas de habitação, as capelas de devoção e os Passos que compõem a Via-Sacra, a Cerca com as Portas, o Museu Militar e o monumento comemorativo da Batalha do Buçaco.

Em março, foi apresentada oficialmente a candidatura do "Deserto dos Carmelitas Descalços e Conjunto Edificado do Palace do Bussaco" à classificação de Património Mundial da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).