“Estando ainda disponível o espaço anterior, localizado a 900 metros do novo Parque Urbano de Canidelo, optamos por assumir não impedir o festival, não hipotecando a sua viabilização e assumimos, articuladamente com a organização e as entidades tutelares, realizá-lo no espaço anterior”, informou à Lusa a câmara de Gaia.

No final de 2015, a autarquia divulgou que o festival de verão teria de mudar de local, escolhendo um novo espaço junto à reserva do Estuário do Douro o que motivou críticas de ambientalistas e a apresentação de duas providências cautelares pela Quercus.

Uma das ações judiciais da Quercus levou à suspensão as obras de preparação do terreno para o festival, atrasando a primeira etapa de preparação do novo Parque Urbano Municipal e impedindo a montagem atempada do equipamento.

“A complexidade da preparação e das montagens de equipamentos, feita com prazos apertados, ressentiu-se do interregno de 27 dias, resultante do efeito suspensivo da Providência Cautelar”, explica hoje a câmara, acrescentando que “os custos necessários para compensar as quatro semanas de paragem, para além de muito acentuados, não permitiriam garantir o cumprimento atempado das responsabilidades assumidas com os patrocinadores, músicos e com o público em geral”.

O regresso do festival ao local de origem só é possível porque, diz a câmara, “a construção da urbanização ainda não começou e porque as condições de organização estão estabilizadas no anterior espaço (recinto, solo, infraestrutura) ”.

“Entre a inviabilização do festival ou o seu retorno ao espaço anterior, optamos pela manutenção deste importante evento do Norte do país”, assinalou.

A autarquia destacou ainda que “todos os evidentes prejuízos decorrentes deste interregno serão aferidos a partir de agora e imputados em conformidade a todos aqueles que torpedearam o festival, sem fundamentos técnicos e científicos, recorrendo sistematicamente a falsidades, contra todos os pareceres oficiais atempadamente obtidos e com motivações pouco claras, que o tempo esclarecerá”.

Quanto às críticas que foram sendo apresentadas pela Quercus, a autarquia recorda o parecer da Comissão de Acompanhamento do festival, criada pelo Ministério do Ambiente, que em abril “confirmou a “viabilidade da realização” do evento.

Já quanto à providência cautelar da associação ambientalista, realça que “a espera pela decisão judicial vai provar as motivações e demonstrar a tranquilidade da Câmara, que nunca se confundirá com a posterior aferição total e integral de prejuízos e respetivas consequências aos promotores desta saga”.

No início de maio a autarquia anunciou que iria agir judicialmente contra “pessoas e/ou instituições” que optam pelo “boicote” ao Marés Vivas assim que haja uma “decisão clara” do tribunal relativamente à providência cautelar interposta pela Quercus contra a localização do festival.

Um mês antes surgiu um movimento associativo, SOS Estuário do Douro, a contestar a realização do festival junto do estuário e apelar aos artistas que se “recusem a atuar” no festival.

Em resposta, a promotora do festival Marés Vivas, PEV Entertainment, admitiu avançar judicialmente contra o movimento pela “chantagem e ameaça de boicotar” o evento.

Também a Campo Aberto e o partido PAN se juntaram na última semana ao coro de críticas dos ambientalistas contra o festival junto da reserva natural do Estuário do Douro.

O festival Marés Vivas nasceu em 1998 pela mão do anterior autarca, o social-democrata Luís Filipe Menezes, internacionalizando-se em 2001.

A 14.ª edição do Marés Vivas decorre entre os dias 14 e 16 de julho tendo já confirmadas as atuações de Elton John, Kelis, D.A.M.A., Foy Vance, James Bay, Jimmy P, Kodaline, Lost Frequencies, James, Rui Veloso, Tom Odell e Beth Orton.