O núcleo de Lisboa da Associação José Afonso (AJA) celebra a data com uma palestra pelo jornalista e programador cultural Ruben de Carvalho, sobre o criador da "Trova do vento que passa", de Manuel Alegre, seguida de um concerto com a estreia do grupo Folhas Soltas, criado no seio da AJA Lisboa, que vai interpretar repertório de Adriano Correia de Oliveira.

No Barreiro é celebrado “O trovador da liberdade”, numa iniciativa da Câmara Municipal e da Associação Conquistas da Revolução, no Auditório Municipal Augusto Cabrita, com músicos como Vitorino, Janita Salomé, Samuel e Nuno Tavares.

O concerto “O trovador da liberdade” conta igualmente com Arménio Marques dos Santos, António José Rodrigues Rocha e Luís Nascimento Ferreira (voz), David Leandro Ribeiro, José Pinheiro Lopes de Almeida (guitarra) e Levy Batista e António Toscano (viola), do Grupo Jurídico de Canto e Guitarra de Coimbra.

Para os organizadores do concerto, "assinalar os 75 anos do nascimento de Adriano Correia de Oliveira, um lutador pela liberdade", tem por objetivo fazer com que "as gerações mais novas não esqueçam como a música foi importante para a construção de uma revolução".

Na Academia de Santo Amaro, em Alcântara, o músico também é lembrado, no domingo, por Eduardo Abreu (flauta e saxofone), Filipe Lopes e Francisco Naia (voz), José Carita (viola clássica), José Manuel Ésse (voz e viola), Nuno Cadete (guitarra de Coimbra), Rui Freire (piano) e Vítor Sarmento (voz e viola), e pelo declamador José Zaluar.

Adriano Correia de Oliveira nasceu no Porto, em 09 de abril de 1942. Em 1959, entrou na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra onde participou, de forma intensa, no meio cultural e desportivo ligado à academia.

Foi solista no Orfeon Académico, membro do Grupo Universitário de Danças e Cantares, foi ator no Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra (CITAC), guitarrista no conjunto ligeiro da Tuna Académica e jogador de voleibol na 'Briosa'.

Na década de 1960, aderiu ao Partido Comunista Português, envolvendo-se nas greves académicas de 1962 contra a ditadura salazarista, tendo sido, neste ano, candidato à Associação Académica de Coimbra, numa lista apoiada pelo Movimento de Unidade Democrática (MUD).

Em 1963, editou o primeiro trabalho discográfico – “Fados de Coimbra” -, acompanhado por António Portugal e Rui Pato. O álbum incluía “Trova do vento que passa”, de Manuel Alegre, que acabou por se tornar quase um hino de resistência à ditadura para os estudantes.

Quatro anos depois, gravou “Adriano Correia de Oliveira”, que, entre outras, continha “Canção com lágrimas”, igualmente um poema de Manuel Alegre.

Seguiu-se “O Canto e as armas”, álbum no qual voltou ao universo poético de Alegre, publicado em 1969, ano em que foi galardoado com o prémio Pozal Domingues.

“Cantaremos” (1970), “Gente de aqui e de agora” (1971) – o primeiro com arranjos do maestro José Calvário e composição de José Niza - são os títulos publicados ainda durante os últimos anos da ditadura.

Os dois últimos álbuns de originais surgem em 1975 - “Que nunca mais”, que inclui “Tejo que levas as águas”, sobre um poema de Manuel da Fonseca, - e em 1980, com “Cantigas portuguesas”.

A sua discografia inclui ainda duas compilações (“Fados de Coimbra”, de 1963, e a “Obra completa", de 2007) e vários 'singles' e EP, entre os quais se destacam “Rosa de Sangue” (1968), “Lágrima de preta” e “Batalha de Alcácer-Quibir” (1972) e “A vila de Alvito” (1974).

Em 1973, fundou a editora Edicta, com Carlos Vargas, para se tornar produtor, na editora Orfeu, em 1974, que o editava.

Após o 25 de Abril de 1974, foi um dos fundadores da Cooperativa Cantabril, de que se afastou, em 1981, para ingressar na Cooperativa Era Nova.

Adriano Correia de Oliveira morreu há 35 anos, a 16 de outubro de 1982, na quinta da família, em Avintes, vítima de uma hemorragia esofágica. Tinha 40 anos.

Em setembro de 1983 foi feito Comendador da Ordem da Liberdade e, a 24 de Abril de 1994, Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, graus e respetivas insígnias atribuídos a título póstumo.