O sucessor de “Mensagens da Nave-Mãe”, editado em 2015, será apresentado na próxima sexta-feira no Plano B, no Porto, no dia seguinte na Casa das Artes, em Famalicão, a 24 de fevereiro no Salão Brasil, em Coimbra, e no Musicbox, em Lisboa, a 25.

O disco estará disponível nas plataformas digitais a partir de segunda-feira e nas lojas físicas uma semana depois.

“Império Auto-Mano” é uma abordagem sobre “esta vaga terrorista que houve, sobre quererem ter o Império Otomano outra vez”, explicou à Lusa o músico, que também abrange a dependência humana de máquinas e dispositivos eletrónicos.

“Eu gosto de trocadilhos e acho que hoje em dia vivemos num ‘Império Auto-Mano’, ou seja, são as máquinas que mandam, temos cada vez mais tempo dedicado às máquinas sem nos apercebermos. O ‘mano’ tem a ver com aquele discurso mais brejeiro, de ‘mano’ para aqui e para ali, o que tem muito a ver com a cultura do Norte”, detalhou Paulo Zé Pimenta, de 36 anos.

Também a visão de PZ sobre o mundo marca presença no disco, que funciona como “crítica ao mundo moderno, que também tem coisas boas”.

“Algumas músicas viram-se mais para as relações pessoais, ou a falta delas, e outras para o medo do que está lá fora, com a pessoa a refugiar-se em casa e nas máquinas, nas redes sociais e no anonimato que as protege”, descreveu o portuense, que mantém a toada de “sarcasmo e esse lado cínico” que acompanha os vários álbuns.

Desde o último álbum, a “personagem PZ amadureceu”, considerou Paulo Zé. “O ‘Mensagens da Nave-Mãe’ tinha mais 'sketches', mais soltos. Para mim, este disco é o meu melhor álbum, o mais consistente. Numa palavra, acho que está mais maduro”, comentou.

Depois de “Croquetes” e “Trinca na Chamuça”, o “roteiro gastronómico” continua com “Fome de Lulas”, uma canção que inclui uma receita familiar para cozinhar o molusco, mas também há espaço no novo registo de estúdio para uma menção à cidade do Porto, no verso “tentar sair do Porto para toda a vida, vou sentir-me torto para toda a vida”, da faixa “Eu sei que tens uma antena”, sobre “a família e as raízes”, mas também sobre “a preguiça”, em linha com letras criadas para terem várias interpretações.

“Gosto de alguma ambiguidade nas letras, para deixar que cada pessoa interprete à sua maneira. Se quebrar ali um pouco o formato do género e tiver alguma coisa de inesperado, isso ainda acontece mais, porque as pessoas não sabem como se relacionar”, referiu Paulo Zé.

Antes da edição do disco, PZ lançou um 'single' de avanço, “Olá”, o “'single' perfeito para apresentar o disco”, e sairá “em breve” novo 'videoclip' para “Mais”, com realização de Alexandre Azinheira.

Em cima da mesa para o futuro, mas ainda sem data definida, está o lançamento de um álbum em inglês, algo de que “o PZ não gosta muito”, embora já existam algumas músicas cantadas em inglês criadas por Paulo Zé, que também pretende lançar “algumas músicas em português, fora deste registo mais eletrónico”.

Para 2018, está prometido “um novo álbum”, mas antes disso poderão surgir mais colaborações com outros artistas, com uma participação no próximo disco do grupo de ‘hip hop’ Conjunto Corona, de dB e Logos, já confirmada.

“Quero voltar às colaborações, e em específico fazer mais músicas com o dB”, com quem colaborou em “Cara de Chewbacca” e “Tu és a minha gaja”.