Incomodado com o tratamento que o presidente norte-americano dá aos muçulmanos, o ex-líder do grupo de rock indie Noise Addict gravou um álbum sobre o islamismo, destinado especialmente às crianças, e com o qual espera obter um grande impacto.

Com arranjos musicais alegres, que facilmente poderiam ser ouvidos nas salas de aula de um jardim de infância, os temas de "Ben Lee Sings Songs About Islam for the Whole Family" explicam as crenças da religião, fazendo referência ao Corão.

Lee, um australiano que vive em Los Angeles, diz ter conhecido o poder das canções através da sua carreira e observando sua filha.

"Essa é a beleza da canção pop, podemos dizer qualquer coisa e se o dissermos em 2,5 minutos com um refrão fácil de recordar, tornamos a mensagem digerível", afirma o artista de 38 anos.

"Acho que estou num ponto da minha vida em que começo a dar-me conta de que qualquer efeito duradouro que possamos ter na humanidade será através da influência que podemos ter na geração seguinte", explicou entre risos.

Lee doará todo o dinheiro das vendas do álbum para a organização American Civil Liberties Union, que enfrenta Trump especialmente em termos de direitos civis, como a proibição feita a cidadãos de sete países de maioria muçulmana de entrar nos Estados Unidos, medida suspensa pela justiça. Mas Lee não encara o seu álbum como um manifesto político.

O músico, que tem formação judaica, conta que chegou à espiritualidade através de uma "bifurcação do caminho, na qual já não podia aceitar as religiões de forma literal, apesar as valorizar". "Todas estas religiões são como a mitologia grega ou Shakespeare. Fornecem uma grande compreensão da humanidade".

Respeito total 

Lee diz que leu muito o Corão e estudou o sofismo, um movimento místico islâmico que aceita a música como uma parte espiritual.

As escolas mais conservadoras do Islão, como os wahabitas que imperam na Arábia Saudita, não veem com bons olhos a música na religião.

Lee dice que tenta ser muito respeitoso no seu álbum. "Não estou a descrever imagens de Maomé", afirma, em referência à proibição do islamismo de representar o seu profeta.

"Estou a interpretar canções. Nunca quis que isso fosse visto como um insulto".

O músico prepara cinco álbuns sobre as principais religiões - budista, cristã, hindu, muçulmana e judia -, mas diz que apressou a saída do mais recente disco devido aos atuais eventos.

Lee - que colaborou com outros nomes alternativos como Liz Phair ou os Dinosaur Jr., de Lou Barlow - partilhou num um álbum de 2013 as suas experiências com a ayahuasca, a bebida psicadélica dos xamãs amazónicos.

Num clima político que alguns descrevem como "pós-verdade", Lee diz que o seu olhar sobre a religião é ainda mais oportuno. "Todas as religiões, não importa que sejam mal interpretadas, estão centradas na busca da verdade", concluiu.

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