O violoncelista e compositor Jaques Morelenbaum, em declarações à agência Lusa, afirmou que o projeto surgiu da sua vontade de escolher e mostrar o seu repertório.

“O Cello SambaTrio surgiu da vontade de ter a minha própria voz. Eu tenho trabalhado, há tantos anos, como diretor musical e arranjador, de tantos artistas que eu admiro, mas sempre me faltou esse lado de expressar a minha própria voz, as minhas ideias de repertório”, disse.

“Todo o instrumentista pensa no seu ofício como um cantor, e cada cantor tem vontade de ter o seu próprio repertório e cantar as coisas com as quais mais se identifica, e foi isso que se passou”, acrescentou.

Jaques Morelenbaum, no violoncelo, faz trio com Lula Galvão, no violão, e Márcio Dhiniz, na bateria - músico que toca em Portugal, substituindo Rafael Barata, que, por imposição de agenda, se encontra também na Europa, mas a acompanhar outros artista. Marcelo Costa foi o baterista do núcleo fundador, e que gravou o disco.

O trio - Jaques Morelenbaum Cello Samba Trio - atua no dia 18 de abril no TivoliBBVA, em Lisboa, no dia 20, no auditório do Conservatório de Música de Coimbra e, no dia 21, no Cine Teatro de Estarreja, na Beira Litoral,

Em Lisboa, o espetáculo conta com a participação especial da cantora Adriana Calcanhotto, que vai cantar canções de Tom Jobim, que teria completado 90 anos, em janeiro deste ano, se fosse vivo.

A inspiração do projeto foi “João Gilberto, que é o nosso 'álbum branco' fazendo uma analogia com o álbum branco dos The Beatles". "Ele inventou uma maneira de tocar o violão que faz uma síntese muito elegante do samba, uma transposição muito elegante do samba para as cordas do violão”.

O violoncelista afirmou que considera “bossa nova como uma vertente do samba, mas sofisticada, com as harmonias mais trabalhadas, melodias mais bonitas e tal”.

O repertório que o trio vai apresentar inclui composições do próprio Jaques Morelenbaum, de João Gilberto, Tom Jobim, Caetano Veloso, João Donato, Jacob do Bandolim e Egberto Gismonti.

“É um apanhado das minhas preferências, em termos de compositores da música brasileira”, disse à Lusa.

Morelenbaum, que já produziu um álbum de Mariza, “Transparente”, e tocou com Carminho, recordou que se estreou em Lisboa, acompanhando Egberto Gismonti, nos finais da década de 1980.

Referindo-se aos arranjos musicais das diferentes canções, disse que “são muito simples, pois com três instrumentos apenas, a gente busca sempre o essencial. São arranjos que respeitam muito o formato do jazz, em que o tema é apresentado, os músicos tecem comentários a respeito do tema – [processo] que noutras palavras se chama improviso -, e depois voltamos ao tema para encerrar. Praticamente todas as canções levam esse tratamento”, explicou.

Do alinhamento do álbum faz parte “Nesse Trem que eu Vou”, um tema de sua autoria, que descobriu numa gaveta e que “é um estudo para o próximo álbum do trio”.

Dos três espetáculos, o músico afirmou que vai “tratar com muito carinho [o de] Estarreja”, pois é a primeira vez que atua nesta cidade beirã.

“Não conheço Estarreja, e trato sempre com um carinho especial o porto de abrigo onde a gente chega pela primeira vez, e [em] Lisboa e Coimbra, sei que vou encontrar um público muito recetivo, como me dizem as minhas experiências anteriores”.

O músico afirma que tem “empatia especial” com o público português, “que tem um grande carinho pela música brasileira”.

Jaques Morelenbaum tem colaborado desde os anos 1990 com Ryuichi Sakamoto, com quem gravou, entre outros, o disco “Casa”. Atuou e gravou com Cesária Évora, Madredeus, Rui Veloso, Mariza, Carminho, Gal Costa, Sting, David Byrne, Milton Nascimento, Henri Salvador, Omar Sosa, Bill Frisell, Hubert Laws, Kenny Barron, João Donato, Julieta Venegas e John Scofield, entre tantos outros.

Com Gilberto Gil, encetou, em 2009, o projeto “Concerto de Cordas e Máquinas de Ritmo".

Um dos seus próximos projetos é a produção do novo álbum dos "Danças Ocultas".

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