Premiado em inúmeras ocasiões no seu país e na Europa, Taniguchi causou sensação nos anos 1980 com "Botchan no Jidai".

Uma década depois, tornou-se conhecido no estrangeiro com "Haruka na Machi-e", a sua obra-prima adaptada para o cinema.

As suas histórias transcenderam amplamente o horizonte da banda desenhada manga ao serem traduzidas em vários idiomas.

Nos anos 1990, deslumbrou o mundo da BD com "Chichi no koyomi" e "Kodoku no gurume".

As suas histórias simples e humanas refletem com precisão a intimidade dos bairros japoneses, e oferecem uma excursão pela vida quotidiana do seu país, fazendo lembrar o cinema do seu compatriota Yasujiro Ozu, com temas universais, como a família, infância ou natureza.

Reconhecia a influência de desenhadores europeus como o francês Jean Giraud (Moebius), com quem publicou "Ícaro", seduzindo muitos leitores em todo o mundo, especialmente na França.

"Ele preparava um novo trabalho para a família, uma história em três volumes 'A floresta milenar', toda a cores, uma novela próxima ao manga", indicou à AFP a sua agente e tradutora para o francês, Corinne Quentin.

"Um grande autor"

"A sua obra íntima e falsamente nostálgica seduzia-nos, mas antes de mais era um grande autor", assegura Sébastien Langevin, chefe de redação da revista francesa especializada Canal BD Manga Mag.

"Não gostava de aviões, mas era tão curioso e viajava muito na sua cabeça, o que fica claro nas suas obras menos conhecidas", afirma Quentin.

Tanichugi nasceu em agosto de 1947, em Tottori, no seio de uma família muito modesta, e começou a desenhar em 1970.

O tsunami e o posterior desastre nuclear de Fukushima, em 2011, quase o fizeram abandonar a profissão, segundo confessou numa entrevista à AFP, no seu estúdio tomado de livros.

Mas o incentivo dos leitores fê-lo superar este momento de pessimismo.

Nesse mesmo ano recebeu na França a insígnia de Cavaleiro da Ordem das Artes e Letras.

Em 2003, recebeu o Alph'Art de melhor história no Festival Internacional de Comics de Angulemme, (França) por "Harukana machi-e". Essa mesma obra foi premiada no salão de banda desenhada de Barcelona no ano seguinte. Também recebeu prémios nos anos posteriores no salão de BD do Principado de Astúrias.

A beleza do traço

"Foram os leitores, incluindo os franceses, que me incitaram a continuar", disse, na ocasião, o artista que trabalhava no estilo antigo, sem computador, porque afirmava não saber fazê-lo de forma diferente.

"Magníficos, os seus desenhos de Veneza , num caderno de viagens. Quantas pessoas no mundo são capazes de recriar tão bem a beleza veneziana, o mar veneziano, o ar veneziano?", escreveu no seu blog a artista Mari Yamazaki.

"Ele tinha um traço de tal ecletismo que nos perguntávamos sempre qual seria o seu próximo trabalho", declarou à AFP o autor de manga J.P. Nishi.

"O manga é uma parte da banda desenhada com códigos muito fortes. E dentro desses códigos, ele foi capaz de criar obras que conversavam com todo o mundo", lembra Langevin.

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