Jorge Listopad, falecido no domingo, aos 95 anos, foi um “conhecedor da realidade artística em geral, erudito sério e com uma visão alargada da arte e, em especial, do teatro”, afirma a Associação Portuguesa de Críticos de Teatro (APCT).

Em comunicado hoje divulgado, a APCT “lamenta o falecimento do crítico, do artista, do professor e do amigo [da associação] que Jorge Listopad foi”.

O escritor e encenador Jorge Listopad, radicado desde a década de 1950 em Portugal, morreu no domingo, aos 95 anos, em Lisboa.

O velório do intelectual acontece a partir das 18:00 de quarta-feira, numa das capelas do Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, e o funeral, na quinta-feira, às 14:45, seguirá para o cemitério dos Prazeres.

“Conhecedor da realidade artística em geral, erudito sério e com uma visão alargado da arte e, em especial, do teatro, Jorge Listopad soube, no seio da APCT, desenvolver interessantes debates e partilhar com todos o muito que sabia sobre as artes do palco - sempre de uma forma serena, própria de um profundo conhecedor e de um criador inspirado – a que sabia aliar uma fina ironia”, lê-se no comunicado assinado por Maria Helena Serôdio, presidente da associação.

Jorge Listopad foi professor do Instituto Superior de Ciência Política e fundador e diretor do Grupo de Teatro da Universidade Técnica de Lisboa, tendo encenado cerca de 60 espetáculos teatrais, além de vários títulos publicados nas áreas da memorialística, da crónica e da poesia.

Colaborou com vários jornais portugueses e checos, presidiu à Comissão Instaladora da Escola Superior de Teatro e Cinema e codirigiu o Teatro Nacional D. Maria II.

Listopad contribuiu para o resgate do repertório clássico português, com encenações como "A Castro", de António Ferreira, e "Frei Luís de Sousa", de Almeida Garrett, entre muitas outras peças.

Nascido em Praga, obteve a nacionalidade portuguesa em 1961, poucos anos depois de se ter fixado em Portugal.

Entre outras distinções, como o Prémio da Academia de Artes e Ciências de Praga, recebeu, em 1992, o título de doutor “honoris causa”, pela Universidade de Brno, na República Checa.

Em Portugal, além de ter sido agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, pelo então Presidente da República Aníbal Cavaco Silva, em janeiro de 2015, recebeu também a Medalha de Honra da SPA e “foi distinguido com um dos prémios anuais atribuídos pela cooperativa na sua gala anual”.