A “escola de verão” do festival internacional de artes performativas Materiais Diversos (fMD, que decorre até dia 24 em Minde, Alcanena e Torres Novas), destinada à “comunidade artística emergente”, junta, desde quarta-feira, dez jovens de várias áreas artísticas e provenientes de vários pontos do país, que se preparam para “ocupar e resistir” ou, como sublinha Marcelo Evelin, “cultivar e existir” no espaço da vila.

Elisabete Paiva, diretora artística do fMD, disse à agência Lusa que a “escola de verão” foi criada de raiz com um conceito de ensino “complementar” ao das escolas de ensino artístico.

O “reconhecimento da vila”, numa procura pelos seus traços culturais, geográficos, da maneira de ser e de estar dos seus habitantes, começou com um passeio, unidos por uma corda, como uma referência comum, que os manteve unidos nos lugares que percorreram, para daí seguirem, no dia seguinte, para um “solo” num local escolhido por cada um, a partir dos seus próprios interesses.

Natural do Brasil, Marcelo Evelin, bailarino, coreógrafo, investigador e professor de improvisação e composição na Escola Superior de Artes de Amsterdão é um dos cinco artistas representados pela associação Materiais Diversos.

Esteve com a sua companhia no fMD há dois anos, numa participação “totalmente distinta” deste desafio de “entender e participar na comunidade”, de “pensar uma cidade”.

O desafio lançado por Marcelo Evelin aos jovens é que se assumam como “mediadores” no entendimento da arte como intervenção política, com o artista a “desaparecer no meio dos fenómenos sociais e comunitários” para uma ação “transformadora”.

A relação com o lugar – as suas pessoas, arquiteturas e histórias -, e com os habitantes/espetadores - em conversas, manifestações visuais, vozes, movimentos – propõe uma reflexão sobre “questões de fundo sobre as responsabilidades e as possibilidades da prática artística na atualidade”.

O conhecimento do trabalho de Marcelo Evelin e a vontade de conhecer outros jovens artistas igualmente empenhados num “trabalho para a sociedade” e interessados em “fazer algo em comunidade e com a comunidade” levaram Fábio e Raquel, estudantes de teatro, a inscreverem-se na “escola de verão” do fMD.

Já ator, João procura “experiências estruturantes” que complementem a formação técnica e académica que já possui e o ajudem a decidir o caminho a seguir.

“É um projeto que não sabemos como vai acabar. Leva-nos a descobrir o que nos move. Interessa-me muito este tipo de desafio”, disse à Lusa, numa conversa que juntou ainda António, a quem interessou o “questionamento e o rigor” da “nova perspetiva” da que é a sua área de interesse, a dança, trazidos por Marcelo Evelin.

A “escola” conta com um ciclo de seis performances pelo grupo de investigação e experimentação “Sintoma”, da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, e, nos dois últimos dias, com uma mesa redonda para professores, artistas e programadores.

A intervenção final não tem ainda forma definida, mas Marcelo Evelin não esconde preferir “alargar a noção de arte para além do espetáculo” e levá-la a “legitimar” espaços da vila.

Como sublinhou à Lusa, aceitou orientar esta “comunidade artística emergente”, num festival que decorre sob o lema de “Excepcionalmente Comum”, porque está “mais para aprender do que para ensinar” e porque já só faz o que o que lhe “traz alguma coisa”.

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