Intitulado "O Festival das Mentiras", o espetáculo de dança terá lugar no Jardim de Inverno do São Luiz Teatro Municipal, às 19:00, com interpretação de Papy Ebotani, Djodjo Kazadi, Faustin Linyekula e Marie-Louise Bibish Mumbu.

O espetáculo é inspirado na tradição popular e nas palavras do escritor chileno Luis Sepúlveda, sobre as reuniões noturnas de camponeses, na Patagónia, a contar histórias, sempre mentiras e em que a mais estranha saía vendedora.

A tradição é remetida para a realidade da África, em particular o país de origem do bailarino e coreógrafo, cuja história turbulenta tem sido reescrita vezes sem conta, como República Democrática do Congo, ex-Zaire, ex-Congo belga, ex-Estado Independente do Congo.

Até dezembro, no âmbito da programação Artista na Cidade, vão ser apresentados cinco espetáculos em três espaços culturais da capital portuguesa - além do São Luiz, também a Gulbenkian e o Centro Cultural de Belém -, uma conferência e um documentário sobre a relação do criador congolês com Lisboa.

Também no Teatro São Luiz, na Sala Luís Miguel Cintra, será apresentada, a 02 e 03 de novembro, a coreografia "Sem-Título" (Sans-Titre), de Raimund Hoghe, que convida Faustin Linyekula a interpretar uma dança-manifesto sobre as pessoas indocumentadas, sem títulos de permanência, em trânsito entre dois países, situação já vivida pelo próprio criador congolês.

Faustin Linyekula nasceu em 1974, no antigo Zaire, hoje República Democrática do Congo, e o seu percurso integra uma dezena de criações que foram apresentadas mundialmente, incluindo colaborações com a Comédie-Française, o coreógrafo Raimund Hoghe e o Ballet de Lorraine.

Em 2001, Linyekula fundou os Studios Kabako em Kinshasa, transferindo-os em 2006 para Kisangani, a cidade congolesa onde cresceu, e onde se realizam oficinas, onde funciona um estúdio de gravação e são recebidos artistas em residência, onde se organizam espetáculos e concertos nos bairros populares, e se produzem as obras de Faustin e de ouros artistas congoleses.