A apresentação da edição portuguesa da obra, vencedora do Prémio São Paulo de Literatura 2015, realizar-se-á em outubro, com a presença do autor brasileiro, que vai estar em Lisboa e em Óbidos, para participar no Folio - Festival Literário Internacional.

O segundo romance de Estevão Azevedo conta a história de garimpeiros movidos pela ganância e o título joga com a ambiguidade de sentidos opostos, entre a atividade de mexer na terra e a referência ao "Livro de Eclesiastes", do Antigo Testamento, que condena a vaidade humana, e onde a existência de um tempo próprio para todas as coisas se reflete na frase "tempo de espalhar pedras e tempo de juntar pedras".

Estevão Azevedo é professor de Literatura Brasileira na Universidade de São Paulo, especialista na obra do Prémio Camões 2016, Raduan Nassar, e autor do livro de contos "O som de nada acontecendo" e do romance "Nunca o nome do menino". Foi selecionado para a antologia alemã "Popcorn unterm Zuckerhut" ("Pipocas sob o Pão de Açúcar"), dedicada a novos autores brasileiros.

No plano da Cotovia também se destaca a publicação “Um Amor Feliz”, do alemão Hubert Fichte, romance traduzido pelo dramaturgo José Maria Vieira Mendes, com apresentação marcada para a livraria Linha de Sombra, na Cinemateca Portuguesa, no próximo dia 22, numa sessão com os investigadores Diedrich Diederichsen e Manuela Ribeiro Sanches, moderada por Jürgen Bock, da associação Maumaus, que se define como "centro de contaminação visual".

Autor do romance "História da sensibilidade", publicado em vários volumes, Hubert Fichte (1935-1986) é um escritor de culto das letras alemãs do pós-guerra, que se destacou pela itinerância através de África, da América Latina e da Europa, pelas múltiplas de atividades que desempenhou e pela linha de investigação em que assenta a sua obra, de caráter minucioso, sempre ligada à realidade dos locais e do seu tempo.

“Um Amor Feliz” coloca os protagonistas em Portugal, em 1964, um país governado por um ditador, alheio às tecnologias industriais da época.

Entre as mais importantes obras de Fichte contam-se ainda "O Orfanato" (1964), "A Palette" (1968), "Ensaio sobre a puberdade" (1974) e os "relatos de viagem ‘etnopoéticos’" "Xangô" (1976) e "Salsa" (1980), como destaca a Cotovia.

A edição de Hubert Fichte em Portugal justifica igualmente a exposição "Mistake! Mistake! said the rooster... and stepped down from the duck", dos artistas plásticos Gabriel Barbi, Ramiro Guerreiro, Ana Jotta, Euridice Kala e Simon Thompson, a inaugurar no espaço Lumiar Cité, em Lisboa, no dia 23 de setembro.

Este ano, o catálogo de clássicos da Cotovia ganha mais um título, desta vez as "Epístolas", de Horácio, com tradução de Pedro Braga Falcão, cerca de dez anos após a publicação das "Odes", do poeta de Roma.

Será também lançado o segundo volume da série “Leituras de um mito”, dedicado a “Eco e Narciso”, com prefácio e organização de Abel N. Pena e introdução de Nereida Villagra, sucedendo a “Hero e Leandro”.

Do escritor francês Emmanuel Bove (1898-1945), que também assinou como Jean Vallois, será publicado o seu primeiro romance, "Os meus amigos", com tradução de Manuel Resende, uma reflexão sobre a Grande Guerra de 1914-18, feita cerca de uma década após o início do conflito. Em Portugal, do autor, tinha sido publicado "Um celibatário", pela Difel, em 1989.

Em outubro, os Livros Cotovia iniciam as comemorações dos seus 30 anos (1988-2018), com o primeiro de um ciclo de debates dedicado à “Edição e Tradução de Teatro em Portugal”. Terá lugar no dia 17 de outubro, e vai reunir José Maria Vieira Mendes, Manuel Resende e o ator e encenador Diogo Dória, no Teatro S. Luiz, em Lisboa.

No final a Cotovia lançará uma nova chancela, Libelinha, dedicada a textos de humor contemporâneos.

Federico García Lorca, August Strindberg, Samuel Beckett, Eugene Ionesco, Pier Paolo Pasolini, John Berger são outros autores esperados, mais à frente, nos Livros Cotovia.