“Confirmamos, infelizmente, a última festa naquele espaço, no dia 27 [segunda-feira]”, disse à Lusa Pedro Aboim, da direção do clube. A festa está marcada para as 21:30 e terá “como grande atração” o cantor Marante, mas irá atuar também Gonçalo Gonçalves, “O Cantor Romântico Abandonado”.

O centenário Lusitano Clube tem de abandonar o local onde está instalado há 111 anos, já que o edifício foi vendido para ser transformado em apartamentos de luxo.

No início de janeiro, fonte oficial da Câmara Municipal de Lisboa (CML) disse à Lusa que estava a tentar encontrar um espaço alternativo para o Lusitano Clube.

“Quanto a novo espaço, continuamos impacientemente a aguardar uma resposta da CML”, referiu Pedro Aboim na passada sexta-feira.

A renegociação da renda entre o Lusitano Clube e o proprietário do edifício da Rua São João da Praça decorreu no final de 2015, tendo sido assinado um novo contrato para cinco anos. Mas, entretanto, o edifício foi vendido e a saída foi negociada com o novo senhorio, tendo o Lusitano Clube – que se apresenta como um espaço criado para “promover a cultura e a aproximação das pessoas do bairro” - acordado deixar o imóvel recebendo uma indemnização.

O primeiro projeto apresentado para o edifício pelo novo proprietário foi indeferido pela Câmara de Lisboa no final de setembro. Um novo projeto estava “em apreciação” no início de janeiro.

No dia em que celebrou 111 anos, a 1 de dezembro do ano passado, os responsáveis pela coletividade iniciaram a recolha de assinaturas da petição “Pelo futuro do Lusitano Clube”, na qual se solicita à Assembleia Municipal de Lisboa e à Câmara “que providenciem canais de diálogo, de interação e de esforço conjunto no sentido de encontrar uma solução para uma futura sede para o Lusitano”.

Esta petição foi entregue, de acordo com a direção do clube, a 29 de dezembro.

No final de setembro do ano passado, os deputados municipais aprovaram por unanimidade uma recomendação do Bloco de Esquerda que prevê que a Câmara de Lisboa "proceda a diligências com vista à possibilidade da manutenção do Lusitano Clube no mesmo local onde hoje se encontra".

O documento refere ainda que, "na impossibilidade da concretização do ponto anterior, a Câmara deve diligenciar ou procurar uma solução em conjunto com o Lusitano Clube, para um espaço alternativo onde este clube possa continuar a sua atividade".

Ainda nesse dia, também o grupo parlamentar do Partido Ecologista "Os Verdes" enviou um requerimento ao município em que questionou sobre "que solução está a ser equacionada para responder às necessidades e iniciativas em curso realizadas pelo Lusitano Clube".

O PEV quis também saber "qual a possibilidade de o clube permanecer no mesmo local ou, em alternativa, a Câmara lhes ceder novo espaço condigno na freguesia de Santa Maria Maior".