Definido como um humanista e poliglota, Matvejevic também se destacou no combate pela liberdade e pelo direitos humanos.

Cidadão croata e italiano, com a sua obra traduzida em numerosas línguas, Predrag Matvejevic nasceu em 1937, na cidade de Mostar, na Bósnia-Herzegovina, então incluída no reino da Jugoslávia, filho de mãe croata e de pai russo.

Em 2015, cerca de 60 escritores e artistas italianos, incluindo Umberto Eco e Claudio Magris, assinaram uma carta aberta para que o Prémio Nobel da Literatura lhe fosse atribuído.

“Predrag Matvejevic é uma síntese entre o oeste e o leste da Europa, representado pelo Mediterrâneo e a sua história. Pela sua obra, mesmo quando a Europa estava dividida pela cortina de ferro, permitiu que comunidades nacionais e religiosas dialogassem, assim como as culturas que hoje alguns pretendem que se oponham. A sua obra, como a de Fernand Braudel, é uma contribuição essencial a esta herança comum”, referia o manifesto.

Matvejevic defendeu a sua tese de doutoramento na Sorbonne, em Paris, e ensinou literatura francesa na universidade de Zagreb, entre 1959 e 1991.

No início da violenta desagregação da Jugoslávia socialista e federal abandonou a Croácia e ensinou literaturas eslavas na universidade de Paris III-Sorbonne Nouvelle, de 1991 a 1994 e, de seguida, línguas e literaturas croata e sérvia, na universidade La Sapienza de Roma.

Era vice-presidente de honra do PEN Club internacional.

Em 2005, com base numa queixa apresentada por Mile Pesorda, um poeta ultranacionalista croata da Bósnia, Predrag Matvejevic foi condenado a cinco meses de prisão por “injúria”, após ter qualificado de “talibãs literários” – em artigo publicado em 2001 pelo diário Jutarnji List e intitulado “Os nossos talibãs” – diversos arautos do nacionalismo.

A condenação foi confirmada em 2010, pelo tribunal de apelo de Zagreb.

O autor de diversos ensaios sobre o mundo mediterrânico e eslavo, incluindo "Breviário Mediterrânico" e "Epistolário Russo" (ambos editados em português, pela Quetzal), apoiado no seu processo judicial por numerosos universitários, declarou na ocasião que não recorreria da sentença para não “legitimar” a decisão do tribunal de Zagreb.