A morte do tenor sueco foi noticiada na noite de quinta-feira pelo Fórum Ópera, publicação 'online' especializada, e confirmada hoje à agência francesa de notícias pela Ópera Real da Suécia e pelo presidente do município de Tolochenaz, onde o cantor residia.

Nicolai Gedda, que se manteve na cena lírica internacional durante mais de meio século, surgiu nos anos 1950, ascendendo à primeira linha da interpretação a par de cantores como as sopranos Maria Callas e Elisabeth Schwarzkopf ou o barítono Dietrich Fischer-Dieskau.

Gedda destacou-se em particular pelo repertório diversificado, que foi do 'lieder', a canção de câmara de raiz alemã, ao virtuosismo do 'bel canto' italiano e ao 'verismo' dos compositores pós-românticos como Leoncavallo, Giordano, Cilea e Giacomo Puccini.

Nascido em Estocolmo, em 1925, estudou com o tenor sueco Carl Martin Oehmann e na Academia Real.

Estreou-se em 1952, na capital sueca, no papel de Chapelou de "Le Postillon de Lonjumeau", ópera cómica do compositor francês Adolphe Adam. No mesmo ano fez a primeira gravação em disco, em "Boris Godounov", do compositor russo Modest Mussorgsky.

A partir da temporada seguinte, Gedda passou a ser presença regular nos principais palcos internacionais, da Opéra de Paris ao Covent Garden, em Londres, do Festival d'Aix-en-Provence ao La Fenice, em Veneza, ao Scala, de Milão.

A consagração chegou em 1957, com a estreia no Festival de Salzburgo, em "O Rapto do Serralho", de Mozart, e na Metropolitan Opera House, de Nova Iorque, em "Faust", de Gounod.

O teatro de Manhattan seria aquele onde viria a atuar mais vezes, somando mais de 350 atuações, até 1983, percorrendo todo o repertório operático, indo da tradição alemã à ópera italiana, passando pelos compositores franceses e russos.

O nome do tenor é incluído nas "notáveis gerações de cantores" do pós-guerra que passaram pelo palco do Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa, de acordo com a página do teatro lírico português na internet.

Gedda manteve-se ativo até meados da década de 1990, sobretudo em recital e em estúdio. A sua última gravação foi "Idomeneo", de Mozart, em 2003, num papel secundário, na versão do maestro David Parry, com a Opera North Orchestra, depois de ter protagonizado o drama do rei de Creta, ao longo da carreira, com regentes como Hans Schmidt-Isserstedt e Colin Davis.

A discografia do tenor soma centenas de títulos, em parceria com chefes de orquestra como Otto Klemperer, Georges Prêtre, Herbert von Karajan.

Destacam-se, em particular, as parcerias com Maria Callas e Prêtre, em "Carmen", de Bizet, e com Galina Vichnevskaia e Mstislav Rostropovich, em "Lady Macbeth de Mtsensk", de Dmitri Chostakovitch, duas gravações que os guias internacionais Penguin e Gramophone mantêm entre as primeiras escolhas.