“Mulheres nas Artes: Percursos de Desobediência” é o tema do encontro, que decorre na segunda e terça-feira, na Fundação Calouste Gulbenkian, junta cerca de duas dezenas de artistas e que visa debater a afirmação das mulheres na literatura, na música, no cinema, nas artes visuais e nas artes de palco.

É neste contexto que tanto as escritoras portuguesas Lídia Jorge e Maria Teresa Horta, na segunda-feira, como a pintora Graça Morais participarão, na terça-feira, num segmento intitulado “Conversas de Vida”, com moderação de António Carlos Cortez, Nicolau Santos e Nuno Júdice, respetivamente.

“Qualquer forma de criação nasce da desobediência, isto é, da capacidade de questionar o que existe”, é a frase de Inês Pedrosa e Patrícia Reis, comissárias de “Mulheres nas Artes: Percursos de Desobediência”.

No texto de apresentação deste encontro, em que todos os moderadores são homens, as comissárias relembram também que “a metade feminina da humanidade esteve aparentemente confinada ao silêncio e à obediência até há pouco mais de cem anos”, evocando Clarice Lispector e Virginia Woolf como símbolos de uma contracultura de resistência.

A escritora e jornalista libanesa Joumana Haddad (Beirute, 1970), autora do livro “Eu Matei Xerazade: Confissões de Uma Mulher Árabe em Fúria” e fundadora (em 2009) da revista “Jasad”, dona de uma “voz lúcida e desassombrada”, é a conferencista convidada deste encontro.

Joumana Haddad tem-se dedicado a destruir os tabus e equívocos sobre criatividade, arte e relação entre homens e mulheres, tanto no Oriente como no Ocidente e vai estar em Lisboa para o lançamento da tradução portuguesa do seu livro “Eu Matei Xerazade: Confissões de Uma Mulher Árabe em Fúria” (editora Sibila), que será apresentada pelo poeta e ensaísta Nuno Júdice.

A sua intervenção vai refletir sobre o que significa ser hoje uma mulher árabe, já que para a autora não faz sentido que a antiquíssima figura literária de Xerazade, uma sedutora que tem a vida suspensa da sua habilidade de manter um homem interessado nela, continue a representar a realidade e a atitude das mulheres árabes.

As obras de Clarice Lispector e de Fiama Hasse Pais Brandão também serão evocadas neste encontro, pelas vozes da poeta Filipa Leal e da atriz e encenadora Natália Luiza.

Nas mesas de debate, o painel sobre literatura conta com a participação das escritoras Karla Suarez, Maria Manuel Viana e Tatiana Salem-Levy e a moderação de Francisco José Viegas.

Para falar sobre cinema, são convidadas Leonor Teles, Patrícia Vasconcelos e Rita Blanco, num painel moderado por Pedro Borges, enquanto Ana Pérez-Quiroga, Ana Vidigal e Sofia Areal, com moderação de Alexandre Melo, integram o painel sobre artes visuais.

No que respeita ao teatro e às artes de palco, o debate vai ser conduzido pela modelo e atriz Ana Sofia Martins, a coreografa e bailarina Olga Roriz e a atriz e encenadora São José Lapa, moderadas por João Lourenço.

Ainda, sobre música vão falar Anne Victorino d’Almeida, Aldina Duarte e Mafalda Veiga, com moderação de Ruy Vieira Nery.

As conferências de abertura e encerramento do encontro caberão, respetivamente, a Guilherme d’Oliveira Martins e a Rui Zink.

O encontro “Mulheres nas Artes: Percursos de Desobediência” será marcado também pela antestreia de “A Festa” (na segunda-feira), o novo filme de Sally Potter, realizadora do premiado “Orlando” (1992), que o descreve como uma “comédia política”.