Numa entrevista concedida momentos após a divulgação do nome do sucessor de Bob Dylan, Danius afirmou que, “se misturar Jane Austen e Franz Kafka, então consegue-se Kazuo Ishiguro, na essência, mas tem de se acrescentar um pouco de Marcel Proust, para depois mexer – não muito”.

“Ao mesmo tempo, é um escritor de grande integridade. Desenvolveu um universo estético próprio”, afirmou Danius, que realçou que a Academia Sueca atribuiu o prémio à obra na sua plenitude e não a um livro específico.

Questionada, porém, sobre qual o seu livro favorito do autor britânico de origem japonesa, a secretária permanente da Academia Sueca disse encarar todos os seus livros como “maravilhosos, verdadeiramente requintados”, embora destaque “O gigante enterrado” (Gradiva, 2015).

“Ele é alguém muito interessado em compreender o passado, mas não é um escritor Proustiano. Não está à procura de redimir o passado. Está a explorar o que tens de esquecer para sobreviver, em primeiro lugar, enquanto indivíduo ou enquanto sociedade”, afirmou Danius.

A secretária permanente da Academia Sueca realçou que não lhes compete julgar se um premiado é controverso ou não, e declarou esperar que este anúncio “faça o mundo feliz”.

O prémio Nobel da Literatura 2017 foi atribuído ao britânico Kazuo Ishiguro, anunciou hoje a Academia Sueca.

A Academia justificou a escolha de Kazuo Ishiguro, por ser um escritor que, "em romances de grande força emocional, revelou o abismo sob o sentido ilusório de conexão com o mundo".

O escritor britânico de origem japonesa nasceu em Nagasaki, Japão, fixando-se com a família, no Reino Unido, no início da década de 1960. Destacou-se com os primeiros contos, publicados na revista Granta, escreveu para cinema e televisão, é autor de canções. Com "Os Despojos do Dia" venceu o Booker Prize, em 1989.