Os quatro membros presentes da Comissão de Liberdade Condicional do estado de Nevada chegaram à decisão de maneira unânime, depois de ouvir o testemunho da antiga estrela de futebol americano, que há mais de 20 anos foi absolvido pelo assassinato da sua ex-mulher e de um amigo.

"Obrigado, obrigado!", disse Simpson, de 70 anos, com um sorriso emocionado ao ser informado da decisão, que foi transmitida pelos principais canais de televisão dos Estados Unidos.

No seu testemunho, feito por videoconferência da prisão Lovelock de Nevada, Simpson garantiu que em nenhum momento teve a intenção de prejudicar os colecionadores de artigos desportivos contra os quais fez uma emboscada em 2007, com outros cinco cúmplices, num hotel-cassino de Las Vegas.

"Não dei nenhuma desculpa nos nove anos em que estive aqui e não estou a tentar dar desculpas agora", afirmou. "Assumo total responsabilidade. Cumpri a minha sentença, fi-lo o mais respeitosamente que pude (...), neste ponto da minha vida quero passar o meu tempo com os meus filhos e os meus amigos", confessou.

"O senhor Simpson é obviamente uma figura polarizadora: é muito querido [por alguns], mas também desprezado por muita gente", disse à imprensa o seu advogado Malcolm La Vergne ao terminar a audiência.

A antiga estrela do desporto norte-americano vai sair de  Loverlock, a princípio, no dia 1 de outubro. "A data será informada antes", disse Isidro Baca, do Departamento Penitenciário de Nevada.

Uma segunda oportunidade

A sua filha mais velha, Arnelle Simpson, frisou na audiência que esses nove anos foram "duros" e que a única coisa que querem é que o pai "volte para casa". "Sei que ele está arrependido, realmente arrependido, e só queremos que ele volte para casa para que possamos seguir em frente", disse entre lágrimas.

Uma das vítimas do roubo, Bruce Fromong, declarou-se na audiência a favor da liberação do "seu amigo" Simpson: "Nove anos foi muito e sinto que é hora de lhe dar uma segunda oportunidade".

O reality show

Depois de deixar o futebol americano, Simpson manteve a fama, e o site de celebridades TMZ chegou a considerar a possibilidade de convidá-lo para participar em um reality show, depois do sucesso de séries como "American Crime Story" e do documentário "O.J.: Made in America".

"Não estou a procurar relacionar-me com os media. Ofereceram-me muitas entrevistas no tempo em que estive aqui e eu neguei", disse Simpson, que assegurou também não ver "nenhum problema em lidar com o público agora".

O professor de Jornalismo da Universidade Quinnipiac, Ben Bogardus, defende que agora começa a "segunda temporada" da sua história. "As câmaras estarão do lado de fora da sua casa para ver a primeira vez que ele for às compras, que ele vá pôr gasolina... será um 'reality show'", previu