De acordo com a fundação, a sessão chama-se "Para não o perceber basta não ler" e nela serão lidos excertos de "O nosso reino" pelo próprio Valter Hugo Mãe e por vários convidados, entre os quais as estudantes Ana Ventura e Joana Farinha, do 11º ano, a diretora da Casa Fernando Pessoa, Clara Riso, o escritor e jurista Laborinho Lúcio e o realizador Miguel Gonçalves Mendes.

A sessão acontecerá duas semanas depois de uma polémica em torno do livro, desencadeada por um grupo de pais de alunos do 8.º ano do Liceu Pedro Nunes, em Lisboa.

A obra fazia parte da lista de livros recomendada pelo Plano Nacional de Leitura (PNL) para o 3.º ciclo do ensino básico, que abrange alunos com idades entre os 12 e os 15 anos, mas alguns pais daquela escola queixaram-se do conteúdo, por incluir passagens de cariz sexual.

À agência Lusa, o comissário do PNL, Fernando Pinto do Amaral, explicou que o livro entrou nas listas do PNL do 3.º ciclo "por lapso", quando, na verdade, tinha sido escolhido para as recomendações para o ensino secundário.

Fernando Pinto do Amaral desvalorizou a polémica, explicando que não se trata de uma obra de cariz erótico, mas de um livro com memórias de infância e que tem umas passagens com conteúdo sexual, que apareceram descontextualizadas da narrativa.

Assim, o livro continuará integrado no PNL, mas na lista das leituras recomendadas para alunos do secundário.

Na altura, o escritor Valter Hugo Mãe, numa mensagem publicada na rede social Facebook, considerou que ver "O nosso reino" reduzido a duas frases, e por duas frases ser julgado, "é sintomático do tempo de sentenças sumárias em que se vive".

"Opinar passou a ser uma espécie de 'chelique' imediato em que a maioria dos opinantes não sabe o que está em causa; não sabe, por isso, o que está a dizer", afirmou.

A propósito desta polémica, a Associação Nacional de Professores de Português e a Associação de Professores de Português juntaram-se para condenar, em comunicado, "o desprezo pelo real" e a censura de obras literárias.

"Vivemos num tempo em que a liberdade é ameaçada por esse mundo fora e é nestes tempos que o papel do professor se intensifica na luta permanente contra a hipocrisia, o preconceito e todas as formas de discriminação”, afirmaram.