O músico português Old Jerusalem edita esta semana o álbum "A Rose is a Rose is a Rose", um registo que tem "uma certa elegância", que se conquista com a maturidade.

Old Jerusalem é Francisco Silva, músico do Porto que há mais de uma década edita com regularidade discos de indie folk, entre os quais "Twice the Humbling Sun" (2005) e "The Temple Bell" (2007).

Nesses discos, o processo de composição era uma rotina - "começar com o que soa bem, quer seja na letra, quer seja a partir da música" - quebrada agora com o novo álbum, que o torna diferente, "tanto no método como no resultado".

"A Rose is a Rose is a Rose" conta com a participação do pianista Filipe Melo, músico que Francisco Silva conheceu há uns anos, num concerto de homenagem a Bernardo Sassetti. "Ficou no ar a ideia de um dia fazermos alguma coisa em conjunto, o disco foi ganhando forma e o papel do Filipe tornou-se mais presente".

As músicas de "A rose is a rose is a rose" já estavam estruturadas quando Filipe Melo entrou no processo de trabalho, mas o pianista "sugeriu um rumo, arranjos e outros parceiros" para a gravação.

"O álbum ganhou um cunho mais jazzístico, por via do piano e do contrabaixo [de Nelson Cascais]. Tem uma certa elegância, está mais adulto e sóbrio. Consigo ouvi-lo como se não fosse meu e sinto que é um aprimorar destes anos", afirmou à Lusa.

Francisco Silva editou "April", o primeiro álbum, em 2001. Tinha 23 anos e "uma noção muito diferente da passagem do tempo. Em termos de material de trabalho, a passagem do tempo esteve sempre presente na lírica de Old Jerusalem, mas é mais recorrente falar agora das coisas de infância, por exemplo", contou.

Hoje, com 38 anos, Francisco Silva mantém um pé na música e outro num trabalho - análise de risco -, que nada tem a ver com acordes e melodias.

"A minha ideia do mercado foi evoluindo. Houve uma fase que achei que podia fazer só isto [a música] em exclusivo, mas percebi que ia ficar mais pobre. Prefiro fazer várias coisas e não estar só num determinado meio", disse à Lusa.

Daí também o título do álbum novo - "A Rose is a Rose is a Rose" - retirado de um poema de Gertrude Stein. "Cada coisa é o que é e não pode ser outra. Cada coisa tem a sua própria natureza", interpretou.

Francisco Silva, Old Jerusalem, apresentará as canções novas em três concertos em abril: no dia 2, na Galeria Zé dos Bois, em Lisboa, no dia 8, nos Maus Hábitos, Porto, e no dia 16, no Teatro Académico Gil Vicente, em Coimbra.