“Temos a preocupação de que a cultura vá até às pessoas e, neste caso, a poesia”, afirmou a coordenadora da Fundação INATEL em Ponta Delgada, Ivone Brasil, destacando que “Natália Correia é uma figura maior da cultura micaelense, açoriana e portuguesa, que merecia ser homenageada na sua terra natal”.

Denominada “Poesia em Natália”, esta iniciativa decorre até quarta-feira na maior cidade açoriana, na ilha de São Miguel, contando com muitos eventos de diferentes artes, tendo sempre como mote principal o legado da poetisa.

Natália Correia nasceu no concelho de Ponta Delgada, em 1923, e fixou residência em Lisboa, onde morreu a 16 de março de 1993. Foi poetisa, dramaturga, romancista, ensaísta, tradutora, jornalista, guionista e editora, e também deputada.

Ivone Brasil explicou que, aos passageiros dos transportes públicos da cidade, conhecidos por ‘minibus’, são proporcionados, essencialmente ao final da tarde, alguns minutos de fruição das palavras de Natália Correia, através da declamação de alguns do seus poemas.

“Neste caso será um elemento de ‘O Coletivo’, uma agremiação de artistas aqui de Ponta Delgada, que nos diversos dias vão estar nos autocarros a explicar muito brevemente o que é a iniciativa, a ler dois ou três poemas e oferecê-los também às pessoas”, referiu a responsável, admitindo que para alguns passageiros esta poderá ser a primeira vez que vão contactar com os poemas de Natália Correia.

Surpresa, interesse e admiração foram alguns dos sentimentos que a iniciativa despertou entre quem viajava no primeiro autocarro contemplado, tendo mesmo uma das passageiras manifestado à agência Lusa que ficou “muito agradada”.

“Devia acontecer mais vezes. Sabe bem receber estes mimos ao final de um dia de trabalho”, disse Rosa Pereira, que juntamente com um saco de compras segurava o papel que lhe foi dado ao entrar para o autocarro, com o poema imprenso “Ode à paz” de Natália Correia.

Além de homenagear a poetisa açoriana, a coordenadora da Fundação INATEL em Ponta Delgada referiu que a iniciativa visa assinalar o Dia Mundial da Poesia, que se comemora anualmente a 21 de março.

Ivone Brasil considerou importante levar a todos os cidadãos a poesia, sobretudo aqueles que talvez tenha menos oportunidade de ter contacto com este tipo de escrita.

Há quatro anos que a Fundação INATEL homenageia um escritor português na sua terra natal, um projeto que começou em Lisboa, com Fernando Pessoa, no Porto homenageou Sophia de Mello Breyner Andresen e, em 2016, em Portalegre, prestou tributo a José Régio.

Depois de Natália Correia, Ivone Brasil alegou, que, nos Açores, existem outras ilhas, com outros poetas que poderão ser contemplados, caso este projeto da Fundação INATEL continue.

“De facto há muitos nomes a visitar e a apresentar. Esperemos que os Açores possam, posteriormente, ser eleitos para outra iniciativa do género”, referiu a responsável.

Em fevereiro do ano passado, o Governo dos Açores anunciou terem sido transladadas as cinzas de Natália Correia e do seu marido, Dórdio Guimarães, que se encontravam no Panteão dos Escritores, no cemitério dos Prazeres, em Lisboa, para a ilha de São Miguel, cumprindo “o desejo manifestado” pela escritora.

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