Alexandre Travessas, responsável pelo alinhamento do festival, com o produtor britânico Nick Allport, disse à agência Lusa que a edição deste ano mantém o conceito de um festival que se insere no “roteiro de festivais psicadélicos” que se realizam em vários países europeus e nos Estados Unidos, e num género que era “menos conhecido em Portugal”.

A mudança de local – as primeiras três edições realizaram-se em Valada, no vizinho concelho do Cartaxo, também junto ao Tejo – obrigou a alguns reajustamentos e a um calendário “mais apertado” que condicionou o cartaz.

Contudo, Alexandre Travessas acredita que, a este ano de “teste”, se irá suceder a construção de uma relação com a população da Ribeira de Santarém, bairro ribeirinho da capital do distrito, marcado pela degradação, que considera ter “muito potencial”.

Este ano a banda local F’rrugem abre o festival, na sexta-feira, às 16:00, e a população da freguesia tem entrada gratuita, sendo objetivo, em próximas edições, multiplicar eventos pelos espaços públicos do bairro, disse.

As 40 bandas agendadas vão atuar, na sexta-feira e no sábado, em dois palcos - o Sabotage, principal, com a centenária ponte D. Luís como cenário, e o Tejo, junto à zona de arvoredo onde será criado um espaço de ‘street food’.

Junto ao Tejo, nos resquícios do que foi uma praia fluvial, funciona o parque de campismo, destacando Alexandre Travessas o facto de a estação de caminho-de-ferro se situar a cinco minutos do espaço, o que facilita a chegada dos “festivaleiros”, 25% a 30% dos quais estrangeiros.

Na expectativa da presença de 2.000 pessoas em cada um dos dois dias, a organização promete “alguma da melhor música alternativa atual, do metal ao rock, passando pelo indie, gótico e neopsicadelismo, entre muitas outras tendências da música feita com guitarras, que se produz hoje no planeta”.

Aos Moonspell, que celebram os 25 anos de carreira, juntam-se no primeiro dos dois dias do festival os belgas Amenra e Oathbreaker, destacando-se, no sábado, os japoneses Mono, os britânicos Gang of Four, que irão apresentar alguns temas do novo álbum (que será lançado em 2018), e os suecos Träd Gräs Och Stenar.

O cartaz inclui ainda, na sexta-feira, as bandas Sinistro, Bo Ningen, 10000 Russos, Desert Mountain Tribe, Névoa, Wildnorthe, The Gluts, Dead Rabbits, Pretty Lightning, Zarco, Gossamers, Tren Go! Soundsystem, The Melancholic Youth of Jesus, Cut, Two Pirates and a Dead Ship, Quentin Gas & los Zíngaros, Iguana e F'rrugem.

No alinhamento do segundo dia, a organização destaca The Underground Youth, Siena Root, Esben and the Witch, Lobo, Hills, Throw Down Bones, Is Bliss, the Janitors, Nonn, Pás de Problème, Asimov & the Hidden Circus, Conjunto!Evite, Cows Caos, Chinaskee & os Camponeses, Royal Bermuda, I am the Ghost of Mars, Dr Space e Groal.

Alexandre Travessas realçou o papel dos Moonspell, uma banda “fácil de odiar”, no “brutal crescimento das bandas mais pequenas”, sendo das poucas de dimensão “média” no rock e nas “sonoridades mais extremas” em Portugal.

“Os Sinistro [que atuam na sexta-feira] seguem essas pegadas”, salientou.

O festival realiza-se em parceria com a “reputada editora londrina Fuzz Club, referenciada como um dos principais selos de rock psicadélico underground da Europa, que vai comemorar o quinto aniversário no Parque da Ribeira de Santarém”, acrescentou.

O festival Reverence tem na sua origem as “Cartaxo Sessions”, que Nick Allport, a viver no concelho do Cartaxo desde 2009, iniciou em 2011, trazendo a uma pequena cidade bandas que não se apresentavam em Portugal, e as três edições do Reverence produzidas em Londres em conjunto com a editora do irmão do britânico.