“Que maior virtude seria imaginável do que essa, a de a Televisão ser o primeiro veículo de cultura verdadeiramente democrático, uma cultura disponível para todos”, escreve Mário Assis Ferreira no editorial.

Este novo número publica o último texto do economista Miguel Beleza, falecido em junho passado, aos 67 anos.

“Dedicada à televisão, a máquina que mudou o mundo, a Egoísta começa um novo ciclo, apostando numa versão bilíngue - português e inglês. Assim, mais internacional, o conteúdo segue as linhas habituais, em que a ficção é privilegiada, mas existe espaço para ensaio e a opinião”, afirma a editora da revista, a escritora Patrícia Reis, num comunicado enviado à agência Lusa.

“Esta edição conta com um número extraordinário de colaboradores e publica o último texto de Miguel Beleza. Sem esquecer que a RTP celebra 60 anos, e incluímos uma sessão fotográfica com o jornalista João Adelino Faria e com um perfil da nossa repórter de guerra, Cândida Pinto”, sublinha Patrícia Reis.

“Além destes nomes fortes da televisão contamos ainda com as colaborações de Carlos Ramos, Gonçalo F. Santos, Patrícia Fonseca, Filipe Santos Costa, Drumond, Luís Filipe Cunha, Inês Pedrosa, Richard Zimler, Nuno Artur Silva, Miguel Monteiro, Paulo Mendes Pinto, João Gobern, Henrique Raposo, Joel Neto, Andris Feldmanis, Pedro Boucherie Mendes, Alexandre Honrado, Dulce Garcia e Ricardo Alevizos”, assinala Patricia Reis.

Sobre a temática da revista, o seu diretor, Mário Assis Ferreira, assina o editorial que intitula “Televisão sem Preconceito”.

Referindo-se à televisão Assis Ferreira escreve: “A sua estética era o naturalismo; a sua linguagem, a fragmentação temática; o seu ‘timing’, a instantaneidade da informação; a sua veste, o espetáculo da representação”.

“Virtudes reais, pecados virtuais… Pois que maior virtude seria imaginável do que essa, a de a Televisão ser o primeiro veículo de cultura verdadeiramente democrático, uma cultura disponível para todos e maioritariamente governada pelo que as pessoas queriam? E que pecado poderia ser mais danoso do que esse, o de a Televisão ser governada pelo gosto do que as pessoas realmente querem?”, questiona Assis Ferreira.

Refletindo sobre o fenómeno televisivo, Mário Assis Ferreira, teoriza: “Talvez por isso, pela sua matriz democrática, por refletir e ser comandada pelos gostos da maioria, eis que a Televisão, mais que um quarto poder, passou a ser um Estado dentro do Estado. Ambos endividados. Ambos vulneráveis aos ditames das leis do mercado: o Estado-Institucional, porque se habituou a gastar mais do que o que os privados conseguem produzir; o Estado-Televisão, porque o advento dos canais por cabo/internet, passou a produzir mais do que o que os telespetadores conseguem consumir”.

A Egoísta começou a ser publicada pela Estoril Sol em 2000, e foi já galardoada com 80 prémios nacionais e internacionais, o que para a entidade proprietária demonstra “a sua ímpar qualidade gráfica e de conteúdo”.