A mostra da obra de um dos membros do grupo d’Os Quatro Vintes (assim designados por terem terminado o curso nas Belas Artes do Porto com 20 valores), com desenho de Eduardo Souto Moura e curadoria de Pedro Cabrita Reis, vai ficar patente até 7 de janeiro de 2018.

“Acho que chegou o tempo de podermos, de novo, trazer ao olhar público e crítico uma obra que foi seminal e crucial nos anos 1960 e 70 em Portugal, para que se faça uma leitura agora comparada com os movimentos dos anos 80 e 90”, permitindo através dela “ter uma noção mais clara da história das artes plásticas em Portugal”, explicou Cabrita Reis, após a apresentação à imprensa.

Para o curador, a obra de Jorge Pinheiro “não termina” e mais importante que expor o conjunto de 79 desenhos, pinturas e esculturas é “saber que a obra do autor tem um potencial inegável”, que assenta “num recorte que permite informar obras de outros autores” que lhe são posteriores.

Cabrita Reis, seu ex-aluno na escola de Belas-Artes em Lisboa, explicou ainda não acreditar que a obra do autor seja fragmentada, entre o figurativo e o abstrato, sublinhando que toda a criação de Jorge Pinheiro parte de um “pensamento rigoroso e de construção” que tem por base “os seus estudos e leituras de filosofia e semiótica”, recorrendo ao título da exposição para o ilustrar.

“Esse personagem [Fibonacci] e esses estudos constituíram para o Jorge, desde muito cedo, uma matéria de interesse e um território a usar para a conceção das suas obras, que insisto e reitero, sejam as ditas figurativas sejam as ditas abstratas, mas que tem um magma de criação que se fundamenta sobre essa rede”, explicou.

O curador afirmou ainda que apesar de as obras terem “formas tão distintas”, todas elas nascem de um terreno comum.

“Não há a incoerência de produção do artista. O que há [são] manifestações de diversas naturezas, sempre sobre um discurso comum, fundamentado no pensamento que estrutura a base da sua atividade como autor”, rematou.

Jorge Pinheiro, de 85 anos, disse ter ficado “completamente surpreso” com o convite endereçado e mostrou-se “profundamente grato” a Serralves e a todos os que colaboraram com a instalação.

A par das obras de Jorge Pinheiro, a mostra conta ainda com uma nova escultura da autoria de Álvaro Siza Vieira, produzida especialmente para a exposição e tendo em conta a arquitetura concebida.

A exposição foi organizada em parceria com a Fundação Carmona e Costa, em Lisboa, onde decorre também uma exposição simultânea, com cerca de 90 desenhos do autor, a ser inaugurada na próxima semana.

A iniciativa dá sequência ao programa do Museu de Serralves dedicado à obra de artistas relevantes do século XX desconhecida ainda de um público alargado fora de Portugal.

Nascido em Coimbra, em 1931, Jorge Pinheiro frequentou o curso de Pintura na Escola Superior de Belas-Artes do Porto, terminando a licenciatura em 1963, com a classificação de 20 valores, tal como os pintores Ângelo de Sousa e Armando Alves, e o escultor José Rodrigues, com quem veio a fundar o grupo d'Os Quatro Vintes.

No final dos anos de 1970 regressou à figuração pictórica no desenho e na pintura.

O artista está representado em diversas coleções privadas e públicas, nomeadamente no Museu Nacional de Arte Contemporânea-Museu do Chiado, no Museu Calouste Gulbenkian, em Lisboa, no Museu de Serralves e na Fundação Ilídio Pinho, no Porto, no Museu de Arte Moderna, em Sintra, e nas coleções do Ministério da Cultura, da Caixa Geral de Depósitos e da Fundação EDP, entre outras.

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