Os eventos multiplicam-se para prestar homenagem ao "The Voice", como o cantor ficou conhecido em vida.

Um grande concerto em Las Vegas, com Tony Bennett e Lady Gaga, outro no Lincoln Center, em Nova Iorque, festas temáticas e a colocação de uma placa comemorativa na sua cidade natal de Hoboken, Neova Jérsia: Francis Albert Sinatra está em toda a parte.

Uma box especial de quatro CDs, incluindo antigas gravações de rádio, foi lançado no final de novembro e pelo menos dez livros sobre Sinatra foram publicados este ano, explorando o mito.

Para muitos, a persistência de Sinatra no cenário musical norte-americano deve-se à densidade de seu trabalho, mas também a falta de um sucessor. "Há apenas um Frank", afirma Sid Mark, apresentador do programa de rádio "Sounds of Sinatra", que emite há 59 anos apenas canções de Sinatra.

O interesse dos ouvintes, contemporâneos de Sinatra ou não, ainda é "muito forte", diz o apresentador de rádio de 82 anos, que às vezes oferece maratonas de um fim de semana inteiro sem emitir o mesmo título duas vezes.

Frank Sinatra seguiu o caminho traçado por um outro ícone norte-americano, Bing Crosby, fazendo carreira no cinema ao mesmo tempo em que conquistava um público fiel graças à sua capacidade de estabelecer um laço forte com o público.

Mas "Ol' Blue Eyes", outra das suas muitas alcunhas, "tinha algo que Crosby não tinha: sex-appeal", considera Sid Mark. "Quando Frank subia ao palco", insiste, "transmitia eletricidade. Isso sentia-se até nas gravações".

Swing e genialidade

Frank Sinatra foi um dos primeiros cantores a dar especial importância ao marketing, ao ponto de capitalizar a sua imagem de italo-americano de origem humilde, enquanto cuidava da sua aparência, sempre impecável.

Mas estes artifícios eram apenas um complemento para as qualidades musicais, universalmente reconhecidas, embora o cantor nunca tenha recebido formação tradicional e tenha nascido com um tímpano perfurado.

Meticuloso, exigente ao extremo, Sinatra não escreveu nenhuma das músicas que o tornaram famoso, mas trabalhou para dar uma interpretação inimitável a cada uma delas.

Frequentemente associado a "big bands" no início da sua carreira, evoluiu para os grandes musicais e jazz.

"Foi um dos maiores músicos de jazz que já viveu", considera David Finck, um baixista de jazz que trabalhou com estrelas do pop como Rod Stewart e George Michael, e que escreveu sobre Sinatra.

"Ele provavelmente nunca disse que era um músico de jazz, mas tinha mais swing do que muitos saxofonistas que eu conheço", insiste. Ele tinha genialidade, afirma, em seu entendimento do ritmo e da sua maneira de destacar musicalmente as palavras de suas canções, pressionando as consoantes e enfatizando certas palavras com a intuição.

Sábado, o ápice das comemorações do centenário de Frank Sinatra será em Hoboken, a sua cidade natal. O cantor sempre manteve uma relação complexa com esta antiga cidade industrial nas margens do Hudson, em frente à ilha de Manhattan.

Sinatra levou lá o presidente Ronald Reagan em 1984, mas nunca investiu financeiramente e humanamente na localidade, o que lhe valeu uma reputação mista em Hoboken.

A escolha da câmara de renomear uma das suas ruas Frank Sinatra Drive, em 1979, gerou controvérsia, lembra Robert Foster, diretor do Museu Histórico de Hoboken, que atualmente abriga uma exposição do cantor.

Hoje, no entanto, os visitantes que visitam a exposição não se preocupam com essa polémica, admite Robert Foster. "A alegria invade as pessoas quando ouvem a sua música", diz ele, "e isso é tudo de que precisam", conclui.