"Senti que era importante ter a autorização deles", disse Sting à AFP a respeito da música "Inshallah", sobre uma pessoa que se encontra num barco desesperada para se salvar.

A canção aparece no álbum "57th and 9th", que chega às lojas a 11 de novembro e marca o maior trabalho rock em anos do ex-membro dos The Police.

O cantor, que completará 65 anos este domingo e que, durante muito tempo, se comprometeu com causas políticas e apoiou a Amnistia Internacional, também faz neste álbum uma reflexão sobre a sua própria morte.

Sting pediu aos sírios que compartilhassem as suas histórias e fizessem com ele uma versão de "Inshallah" para a edição de luxo do álbum.

"'Inshallah' é uma bonita palavra da língua árabe, um tipo de resignação, é a vontade de Deus, e é uma palavra que descreve algum tipo de esperança, de coragem", comentou Sting.

"Não sei qual será a solução política, mas acho que, se houver uma solução, ela tem que estar enraizada na empatia, por exemplo, para o que acontece com as vítimas da guerra na Síria neste momento, as vítimas da pobreza em África e, quem sabe, no futuro das vítimas do aquecimento global".

A mudança climática também aparece no álbum, em "One Fine Day", em que Sting reza em tom de brincadeira, dizendo que o rápido aquecimento da terra é um engano.

Sting disse que decidiu ser um otimista, apesar de sentir que o mundo se move para a direita.

"Como estratégia de vida eu acho que o otimismo foi o melhor caminho a tomar na maioria das coisas e continuo a fazer isso, mas é cada vez mais difícil ser otimista", acrescentou.

Um inglês em Nova Iorque

O álbum "57th and 9th" começa com o rock "I Can't Stop Thinking About You", uma canção de amor.

O regresso de Sting às origens do seu rock chega após décadas de experimentação, que incluem um álbum de luto, uma interpretação sinfónica de canções dos Police e o musical da Broadway "The Last Ship", sobre a construção do seu povo no norte da Inglaterra.

Depois de vender mais de 100 milhões de álbuns, Sting reconhece a sua sorte por não ter de se preocupar com pressões comerciais. Talvez por isso, esteja em busca de uma mudança.

"O aspecto mais importante na música, na minha opinião, é a surpresa", revelou.

O título do álbum vem de uma esquina de Manhattan pela qual Sting, que mora perto do Central Park com a mulher, a atriz Trudie Styler, passa todos os dias.

"Nova Iorque sempre foi uma inspiração para mim, a sua expressão arquitetónica, o clamor da cidade, o trânsito, o barulho", completou.

Sting diz que agora gosta da cidade como um desconhecido.

"Sou um inglês em Nova Iorque", acrescenta, sorrindo, em referência a uma de suas músicas mais conhecidas.

"Eu estou muito melhor como um desconhecido e desfruto isso", insistiu.

Refletindo sobre a morte

Consciente de ser um estrangeiro, Sting mantém-se afastado da política americana, mas diz que "acompanha de extremamente perto" as eleições.

Sobre a política britânica, Sting declarou-se "horrorizado" pelo voto de 23 de junho, quando o seu país optou por deixar a União Europeia, após uma campanha repleta de "medo sem sentido".

Apesar de aparentar boa saúde, Sting está cada vez mais reflexivo depois da morte neste ano de grandes músicos como David Bowie e Prince.

Numa das canções do novo álbum, "50.000", Sting canta com a sua guitarra de rock sobre glórias passadas, olhando para si mesmo no espelho de uma casa de banho.

Sting diz que é tempo de refletir sobre a morte.

"Não é ser mórbido. Acho que aceitar que se é mortal é de facto enriquecedor, porque cada dia conta, todas as experiências contam", lembrou.

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