"Uma ideia, um edifício, uma comunidade. Foi há 170 anos que o D. Maria II nasceu. Neste aniversário, recordamos o papel singular do Teatro Nacional na vida cultural do nosso país e, acima de tudo, fazemos curto-circuito entre o passado e o presente, porque só um teatro pode viver 170 anos sem envelhecer", afirma em comunicado o TNDM.

As celebrações iniciam-se ao final da tarde, no salão nobre, com a apresentação do livro da comédia "O Impromptu de Versalhes", de Molière, numa tradução João Paulo Esteves da Silva, edição TNDM II/Bicho do Mato, e ainda de um número da revista Cais, dedicado ao D. Maria II, com direção editorial de Eunice Muñoz.

Ainda neste âmbito, é apresentado o catálogo da exposição "Teatro em cartaz - A coleção do D. Maria II, 1853 - 2016", que é inaugurada pelas 18:00, com curadoria de Lizá Ramalho e Artur Rebelo. Os autores do catálogo, uma edição TNDM, são os curadpres e ainda Helena Barbosa.

Antes da inauguração da exposição são anunciados os teatros selecionados para integrar a Rede EUNICE, um projeto de circulação de espetáculos do D. Maria II, que são o Centro Cultural Gil Vicente, no Sardoal, no distrito de Santarém, o Teatro Municipal Baltazar Dias, no Funchal, e o Municipal de Vila Real, em Trás-os-Montes.

A exposição reúne cartazes desde 1853 até 2016, isto é, 163 dos 170 anos de comédias, dramas, revistas, monólogos levados à cena no teatro idealizado por Almeida Garrett, no ímpeto reformista liberal de Passos Manuel.

O documento mais antigo da exposição é dos espetáculos "A assignatura d'el rei", "A Casa Mysteriosa" e "Um Homem de mau génio", de 08 de janeiro de 1853.

Às 21:00, estreia-se a comédia em prosa e em um ato "O impromptu de Versalhes", de Molière, com encenação de Miguel Loureiro, com entrada gratuita, devendo os ingressos ser levantados a partir das 17:00, na bilheteira do TNDM.

A peça, que é a resposta a um desafio de Luís XIV a Molière para escrever e encenar uma peça em oito dias, tem dramaturgia de Miguel Loureiro, Rodrigo Abecasis Fernandes e Vera Kalantrupmann, e o elenco é constituído por Álvaro Correia, Carla Bolito, Inês Nogueira, João Estima, Lúcia Maria, Maria Amélia Matta, Maria Duarte, Miguel Loureiro, Vera Kalantrupmann, Ana Tang, Sandra Pereira, Victor Yovani e da violinista Maria do Mar.

A peça, em que o próprio Molière, encarnando-se a si próprio como personagem, fez parte do elenco, estreou-se no Palácio Real de Versallhes a 14 de outubro de 1663, e foi à cena no mês seguinte, no Thêatre du Palais-Royal, em Paris.

Segundo o TNDM, é "um espetáculo que é um ensaio para o grande espetáculo". "Ansiedade e expectativa. Debate e incerteza. Virá ele a acontecer? Uma autêntica celebração do ato teatral. Uma ficção sem postulados ficcionais".

Após a peça, "a partir das 23:00", haverá "'Dancetaria Nacional: uma festa no átrio do Teatro", com o DJ Nuno Lopes.

"Com o renovado Café Garrett a funcionar em pleno, transforma-se numa pista de dança onde até o busto de Garrett vai ganhar vida", remata o comunicado do TNDM.

O dramaturgo Almeida Garrett, autor de peças como "A sobrinha do marquês" e "Frei Luiz de Souza" está ausente da atual temporada.

Quando da apresentação da programação, questionado pela Lusa, sobre a razão pela qual não é levada à cena uma peça do fundador, o diretor artístico do TNDM, Tiago Rodrigues, afirmou: "Apresentar uma obra de Garrett - e existem obras que podiam ser apresentadas - mas apresentá-lo, porque se trata de uma efeméride, podia roçar o provincianismo...".

"A nossa temporada é, de alguma forma, fruto de um diálogo com os artistas, com os quais vamos trabalhar, e não houve nenhuma proposta de encenar ou montar uma peça de Almeida Garrett", disse Tiago Rodrigues à Lusa, reconhecendo que "o TNDM podia fazê-lo", mas a aposta, esta temporada, é "no sentido da escrita e reescrita em português com dramaturgos portugueses, e as propostas que surgiram foram muito noutro sentido".

O Teatro foi inaugurado no dia do 27.º aniversário da rainha D. Maria II, a 13 de abril de 1846, com a peça "Álvaro Gonçalves, o magriço, ou os doze de Inglaterra", um drama histórico em cinco atos, de Jacinto Heliodoro de Loureiro.

Garrett, que também fundou o Conservatório Nacional, pretendia criar um repertório nacional, segundo a corrente intelectual da época, do regime liberal, que pretendia que o público fosse mais instruído, crítico e seletivo.

No dia 02 de dezembro de 1964, o edifício sofreu um incêndio, quando estava em cartaz "Macbeth", de Shakespeare, pela Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro. Foi restaurado e reinaugurado catorze anos depois.

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